sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

18º Desafio - Rodrigo "O Bardo"

E ESTE foi o texto que escrevi ontem, mas não saiu a tempo. Bom, desafio respondido, senhor Bardo! Espero que curta a narrativa que desenvolvi para completar sua ideia. Sinceramente? Adoro trabalhar com personagens assim, seguros de si mesmos. E é isso aí, desafio aceito!

Falha de Julgamento

A mulher arrastou-se pela neve, tremendo de frio, próxima da morte. A ferida nos quadris quase impossibilitava o movimento. Havia um bocado de sangue encharcando as roupas. Dificilmente poderia se esconder de predadores. Avistou ao longe o mosteiro, as portas abertas para necessitados e pensou que poderia ficar ali por um tempo. Monges dificilmente a julgariam e fariam mal. Perfeito.
Apesar das dores ela conseguiu chegar até as portas e entrou em uma sala iluminada e aquecida por uma lareira. Três homens correram para ajudá-la, levando-a para a enfermaria. Trataram seus ferimentos, deram uma espécie de soro de ervas que nem quis saber e a colocaram em uma cama coberta da cabeça aos pés.
Percebeu que eles a olhavam, principalmente quando encontraram a faca, e seu instinto lhe disse que suas previsões haviam sido incorretas. Poderia ser que eles a deixassem morrer por conta de sua profissão. Analisou o ambiente procurando rotas de fuga. Talvez, com sorte, podria encontrar mantimentos suficientes para escapar nessas condições e sobreviver algum tempo naquele clima ártico. Escolheria melhor a próxima missão.
Quando enfim ficou sozinha buscou pela arma e os equipamentos,mas não os achou em lugar algum. Estava pensando em ir mesmo sem eles quando a porta abriu lentamente. Jogou-se para dentro dos cobertores mais uma vez e ficou esperando. Um único monge, o mais velho, percebeu, entrou carregando uma bandeja com um prato e um copo de suco, que colocou ao lado dela.
- Olá, espero que esteja melhor. Os nossos chás são muito bons para curar machucados.
- Obrigada, meu senhor. Mas não quero atrapalhar, partirei logo. Estava em jornada para uma vila não muito longe daqui. – mentiu, preparando um motivo para ir embora.
- Honestia, imagino. – e sorriu quando ela concordou – É um lugar bonito, o povo é bem educado e as pessoas tendem a se entender bem.
- Parece realmente bom. Foi recomendada por um amigo... – ela pensou em parar ali, qualquer mentira a seguir poderia estragar tudo.
- Agora coma, a sopa vai lhe recuperar as forças.
Realmente, o caldo fumegante exalava um cheiro maravilhoso, despertando um apetite desconhecido. Em outras ocasiões teria ficado preocupada, mas naquele lugar estaria tranquila. Pegou o prato e tomou um boa colherada de uma sopa muito gostosa.
- Diga-me, criança, o que mais você veio fazer nestes lados? Essa faca me parece muito perigosa, por exemplo.
Ele dizia isso segurando a lâmina de um jeito estranho, que despertou os sentidos dela. Precisava ficar atenta, não poderia se deixar ser enganada por qualquer um.
- Eu estava usando para me proteger dos animais que surgissem. Detesto pistolas, apesar de terem me recomendado, e ainda poderia usar para cortar algumas coisas. – eram apenas meia-verdades, então não estava fazendo tão errado.
- Entendo. Realmente é uma bela faca. Bem, espero que ela lhe seja útil.
- Sempre foi e sempre será.
- A sopa está gostosa?
- Muito! É fantástica... De que é?
- Uma mistura ótima de ervas finas, um pouco de creme, cenouras, batata e arsênico.
Achou que não tinha ouvido bem a última palavra, ela tinha soado muito errada.
- Perdão, eu ouvi arsênico, mas você quis dizer...
- Isso mesmo que ouviu. Claro, você não notaria nunca com a combinação que fiz, que tira o gosto ruim e deixa apenas o efeito. Neste momento seu corpo já deve estar perdendo o controle enquanto o veneno age.
Era verdade, ela tentou chegar até a faca, mas sua mão caiu no meio do caminho, fraca e mole. Sua boca secara, e tinha certeza de que estava morrendo. Uma dor escruciante cortou seu corpo ao meio.
- Mas... O quê...?
- Eu achei que nunca te encontraria, mas você cometeu uma falha grave e foi avistada quando correu da mansão do pobre Rochefeller. Sorte que sobreviveu à armadilha deles, senão eu não teria a oportunidade de capturar seu cadáver. Não se preocupe, não deixarei que ninguém tire um troféu seu.
Quase não ouvia mais nada, o que o falso monge percebeu, pois parou de falar. Ele sorria de um jeito diabólico e só então ela notou que ele era bem diferente dos outros. Tinha a pele em um tom mais ocre, seus braços eram um pouco musculosos e seu olhar nada sereno. Como se deixou errar tanto? Treinamento idiota.

- Ah sim, antes de morrer, um alento... Não existe Honestia. Mas você adoraria morar lá. Morra bem, criança.

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