quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Acorde-me quando Setembro acabar...

Agosto sempre foi um mês cruel para mim. Muitas perdas, muitas mudanças, muita dor e choro. Mas Setembro me desferiu um golpe tão forte que poderia rivalizar, até superar, todas as lágrimas que já derramei. Quero só dizer algumas palavras para uma PESSOA especial, minha gatinha amada...



Eu não queria estar escrevendo estas palavras
Tendo estes pensamentos
Sentir no passado
Chorar no presente
Não queria me entregar à dor
A falta que você me faz
Ao sentimento de saudade
E ao amor não correspondido
Você partiu sem dizer adeus
E eu sei que não foi por querer
Percebi teu último suspiro
E aquele olhar
Mesmo enviesado
Atravessado como quando eu te apertava
Dizendo “Ei, e aí, o que é isso?”
Não vou mais te encontrar me esperando
Te ouvir miar me chamando
Saber que você não quer colo
Ou água na pia
Mas vou te amar mesmo assim
E a cada dia
Mesmo que em silêncio
Te desejar “Boa sorte, Charlie”
Até mais, minha Gouda

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Enquanto andava por aí...

Admito que voltei a ficar relapso, mas não por ter nada a escrever, pelo contrário, acho que estou escrevendo muito mais do... eu já falei isso antes não? Memória curta, memória curta. Bem, também já disse que ás vezes a inspiração vem repentinamente, como um choque, que causa uma alteração em tudo que estou fazendo. Perco a vontade de seguir na minha atividade, de exercer uma função a qual estou dedicado e simplesmente quero escrever. Hoje cheguei em casa, pedi o notebook da Ann emprestado para que eu não pudesse me perder em distrações e escrevi.
Sentei e fiquei quase meia hora digitando, colocando em uma página do Word exatamente a ideia que tive enquanto andava pelas ruas do Kobrasol fazendo tarefas que tinha pela manhã. E gostei muito do que saiu dessa confusão toda que ficou a minha cabeça. Criei um novo mundo, novas personas... e bem, um trio muito legal... Com vocês...

Trabalho dado é execução feita!

O passarinho pousou na beirada da janela respondendo ao chamado, e ciscou as migalhas de pão deixadas ali. Parecia alegre, em contraste com o clima naquele quarto do terceiro andar. Seus ocupantes olhavam nervosos para a fachada de um edifício comercial no qual estava sendo decidido algum acordo que levaria à falência um conjunto de empresas de pequeno porte atuantes na cidade. Nenhuma das quatro pessoas naquele quarto queria isso.
- Ei, garoto, tem certeza de que isso dará certo? – perguntou o contratante do serviço, puxando mais um trago de seu charuto fedido – Eu paguei bem caro, se vocês falharem, esse cara vai ficar mais protegido que o Templo de Salomão.
- Você nos pagará, devo lembrar, assim que o óbito for confirmado. Não se preocupe, nossa cartilha exige que cumpramos todos os objetivos assim como foi contratado. – tocou as próprias têmporas com as pontas dos dedos e iniciou uma massagem suave – Agora não me atrapalhe, preciso me concentrar.
O casal junto deles parecia calmo demais para que o gordo homem de negócios ficasse realmente despreocupado. Era muito dinheiro, mais do que imaginava, e apenas por uma bala. Ele não acreditara quando o trio chegara em seu escritório e mostrara um rifle com apenas um cartucho engatilhado. “É o necessário”, disseram eles “com isso poderíamos matar qualquer um nesta cidade”. A arrogância desses pivetes o deixava com os nervos à flor da pele.
Pedira a eles um teste e então presenciara a coisa mais estranha desde que virara chefe de uma quadrilha em Florianópolis: o mais velho dos garotos, o tal Arquivo, leu a planta do prédio, ficou dez, quinze minutos observando cada andar, a descrição das salas e da estrutura. E então tocara na cabeça de Tela Mágica e este pegara um pincel atômico e começou a desenhar no ar, como se houvesse uma lousa. Cada traço ficava estático, uma linha brilhante que se tornou uma reprodução da planta. E então fez anotações.
Ele já se cagara com isso, até que uma das palavras que Tela Mágica escreveu ficou vermelha e um círculo se formou abaixo dela, com outro dentro e um ponto. Um alvo. Bala na Agulha simplesmente pegou seu rifle e saiu. Cinco minutos depois um tiro atravessou uma pequena falha na parede e cravou-se no meio de um retrato na parede da sala, exatamente entre os olhos. Não houve mais questionamentos. Até agora.
Haviam pedido três dias, só três dias para ajeitar tudo. No final do terceiro, enquanto Arquivo olhava mais uma vez para a entrada do edifício comercial, ele virou-se e fez dois apontamentos em seu bloquinho de notas. Entregou-as à Tela Mágica e virou-se para ele.
- Uma semana e a vítima estará morta.
Desde então haviam sumido. Desaparecido completamente. Ele procurara, é verdade, mais para ter certeza de que não pensavam em partir sem terminar o serviço. Não confiava em ninguém que não fosse chamado Humberto Costa, ou seja, ele próprio, e até desconfiava dele mesmo às vezes. Tanto fazia, pois os três pirralhos não foram encontrados. Na manhã daquele dia eles bateram em sua porta e o convidaram para seguir com eles.
- Como o senhor havia pedido no contrato. – lembrou Arquivo.
Muito sombrio. Com exceção das vezes em que falaram com ele, os três não pareciam conversar entre si, havia uma comunicação sem palavras, aterrorizante. Tentou perguntar a eles de onde vieram seus truques, essas magias do cacete que faziam. Recebeu olhares tremidos e uma resposta vaga:
- Ganhamos de presente.
O quarto que usavam agora fora alugado em seu nome, apesar de ele nunca ter assinado qualquer coisa sobre isso. Não perguntou, o valor era irrisório perto do pagamento que ia fazer, e ainda mais da bolada que levaria com a morte do seu rival. Que ele pensasse em seus últimos segundos em todas as cagadas que fizera e seu nome saltasse de uma memória distante. Filho da puta, ele e seus capangas iam aprender.
- Então, garotos, estou esperando...
- Por isso que a gente geralmente não traz cliente. Sempre dá essa merda. – comentou Tela Mágica, mas não falava pra ninguém em específico.
- Porra, vamos ficar o dia todo...
- Quieto, senhor Costa, chegou a hora. – cortou-lhe Arquivo, passando os dedos de sua testa para a de Tela Mágica.
O garoto mais novo pegou seu pincel atômico e começou a desenhar no ar de novo, fazendo anotações aqui e ali, que Bala na Agulha lia sem pressa. Seus olhos pareciam acompanhar cada mudança súbita quando Arquivo gemia e de repente eram obrigados a trocar o foco da escrita. Enfim pegou sua arma e começou a prepará-la, espantando o passarinho da janela.
Da rua vinham sons de carros, pessoas falando alto e os típicos barulhos urbanos, deixando-os em meio a uma chuva cacofônica. O silêncio da sala foi inundado de repente e tiveram que falar bem alto para conseguirem se entender.
- Bala, mire exatamente onde Tela te mostrou.
- Você sabe que faço isso, Arquivo.
- É pro nosso cliente entender, Bala. – explicou Tela.
- O que... o que querem dizer com isso?
- Só observe, senhor. – respondeu Arquivo.
Bala na Agulha posicionou-se olhando pela mira da arma e esperando. Os desenhos de Tela Mágica foram bem específicos, não erraria, mesmo assim ficava nervosa quando tinha a arma em mãos. Odiava tirar vidas e isso fazia seu estômago afundar um bocado. Encaixou a bala vermelha que Arquivo pedira para separar e engatilhou. Estava tudo pronto. Só teria que esperar...
O homem no edifício se aproximou da janela e a abriu, respirando um pouco de ar “puro” vindo de fora, um hábito que seria sua ruína. No exato momento em que inspirava, uma bala atravessou o bolso de seu terno indo parar em seu estômago. Um ferimento não fatal.
- Mas o quê... eu o quero morto! – gritou o senhor Costa já puto da vida.
Em seguida aconteceu a coisa mais absurda. Do nada o terno do alvejado começou a pegar fogo, o corpo sendo rapidamente absorvido por chamas que explodiram exatamente onde a bala acertara. Estava morto em segundos.
- O que... o que foi isso?
- Bala incendiária. – respondeu simplesmente Bala na Agulha.
- Arquivo percebeu que o alvo bebia constantemente e guardava um cantil com uísque no bolso do paletó. Uma bala poderia matá-lo, mas deixaria muitas evidências. Esse método foi mais sujo e mais eficiente.
Humberto Costa começou a rir, rir muito. Que espantoso! Os garotos eram gênios do crime, tão letais quanto chacais! Não era de admirar que custassem tanto. Seriam capazes de matar qualquer um na cidade, literalmente com uma bala só por vez. Deus! Mas que merda!
- Além disso... você disse que ele era um homem baixo. Mereceu a dor. – comentou Arquivo, olhando para a tela de sua tablet.
- Oh sim, oh sim! Agora ele vai arder no inferno e nunca mais se meterá em meus negócios!
- Era tudo uma questão de dificuldades financeiras afinal, não? – a voz de Arquivo soava pesada e muito incriminadora.
- E daí? Eu lhe disse, ele usava crianças para serviços muito, muito ruins. – ele não conseguia parar de sorrir, rindo baixinho – Que diferença faz se temos os mesmos princípios? Ele não vai poder pagar vocês para não fazer o serviço.
- É, eu sei. – Arquivo levantou do nada e agarrou Humberto pelo colarinho – Mas você, seu filho da puta, vai pagar tudo que nos deve por isso! TUDO!
Os homens de Humberto surgiram da porta, todos carregando pistolas de grosso calibre que apontaram para o trio. O negociante nem suava, parecia tranquilo por finalmente ter resolvido seus problemas.
- Solte-me garoto. Vocês não querem morrer aqui. Sou um homem de palavra, irei pagar sim. E não vou deixar seus corpos para que me rastreiem. Na verdade, seria melhor irmos logo.
- Tem razão. – Arquivo bateu as mãos em suas pernas e estendeu a direita para um cumprimento – Desculpe-me por isso, senhor Costa, eu perdi a razão. Sem ressentimentos? – sorria amigavelmente.
- Claro, guri, claro. Sabe, posso precisar dos serviços de vocês uma hora dessas.
Apenas Bala na Agulha e Tela Mágica notaram o súbito e rápido brilho nos olhos dos dois quando suas mãos se encontraram. Ficaram aliviados.
- Sim, senhor, é só nos ligar, se for possível.
Desceram para a rua rapidamente. Mesmo que o silenciador de Bala na Agulha impedisse que fossem percebidos, ainda haveriam aqueles que iam perceber algo de errado e procurar nos prédios próximos. Foram até o carro do senhor Costa na rua de trás e se despediram.
- É um bonito carro, um Logan, não? – perguntou Arquivo passando a mão na lataria do veículo.
- Sim, sim. Gosta de carros?
- Muito, são máquinas possantes... apesar de frágeis.
- Verdade, mas.. a partir de hoje estarei seguro. Obrigado, meninos! Seu dinheiro estará na sua conta hoje mesmo!
- Tenho certeza de que sim, até mais, senhor Costa.
Assim que o carro partiu, seguindo a rua, Arquivo encostou em Bala na Agulha e sussurrou em seu ouvido.
- Pistola, B12, logo abaixo da placa.
Seguindo perfeitamente as instruções, a garota sacou a arma e deu um tiro com a bala escolhida, que se alojou exatamente na parte em que a lataria abria espaço para caber o tanque de combustível. Eles já haviam se virado quando o carro irrompeu em uma labareda, bem no meio da cidade. As pessoas na rua não haviam reparado no disparo, mas agora gritavam com a destruição do carro.

Arquivo digitava avidamente na tablet, fazendo as transferências enquanto podia, antes que fossem paradas por algum grupo de apoio. Tinha certeza de que ninguém saberia da ligação deles com o falecido senhor Costa, mas precisava tratar de eliminar qualquer rastro também. Desapareceram na esquina, como sempre faziam depois de um trabalho.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Nove anos atrás...

Poucos sabem, bem poucos mesmo, mas há exatos nove anos atrás eu fazia, pela primeira vez, um pedido de namoro. Bobão, falei algo como "amanhã vamos no cinema... Como amigos ou algo mais?". Foi ainda mais engraçado ao vivo, e talvez tenha sido o motivo de ter dado certo. Ela aceitou. Nove anos depois, estamos casados, morando juntos e ainda muito felizes.
Eu queria comemorar esse momento com algo mais, talvez uma chance de mostrar que construímos juntos não só um relacionamento ou uma casa, mas um grande conjunto de coisas boas. Entre elas, amigos excepcionais, que poderiam fazer a mágica acontecer e, mais rápido do que escrevo este texto, trazer uma mensagem bonita. Desde o princípio eu sou o Lobo, a criatura sorrateira, que muita gente julga como um grande larápio, cretino e safado. Eu gosto disso. Ela também. E ela é a Tigresa, um animal majestoso que só não é o rei dos felinos ou dos animais da selva porque o Leão tem mais juba e fez mais fama. Acreditem, como esta linda criatura, minha esposa é uma caçadora nata e cada vez mais mostra suas garras. Fiquem de olho. Enfim, nós estamos juntos e é isso que importa. Aqui vai uma prova disso. Se é que precisa. Agradeço principalmente à Ariana, à Mônica, ao Karu meu irmão fantástico e a um convidado especial que prefere ser considerado uma incógnita... Por enquanto!

Este é da Ari, a terceira ponta deste casal que é tão diva que merece ser sempre lembrada.

Este é da Monichan, minha nova kouhai tão drag e tão fofa que precisava ser trazida pra cá.

Nosso amigo misterioso disse que estava incompleto... Eu vou bater nele, juro XD

Meu irmão conseguiu colocar tanto romance que eu tô abismado. Obrigado, Karuma!

E claro... Eu tinha que trazer algo meu pra cá... Segue aqui um certo papo entre os dois animais...

- Onde vai amigo Lobo?
- Oh, lugar nenhum, cara Tigresa. E tu, o que fazes nesta parte da floresta?
- Vou ao concerto dos Tucanos, parecem preparar um bom Tango, e como sabe, Tucanos são engraçados e divertidos.
- Posso lhe acompanhar?
- Mas é claro, só não queira devorá-los.
- Nunca, minha amiga felina. É uma pena que estejamos sozinhos.
- Achas? Pois penso que iremos rir muito nós dois apenas.
- Se dizes, não tenho porque discordar.
- Veja, são eles! Como pulam e cantam e tocam de maneira formidável!
- É sim... Eu não imaginava que vê-los novamente me traria tanta alegria.
- Já veio aqui antes?
- Ah, sim, Tigresa, mas na outra vez apenas pude apreciá-los, e não a companhia. Hoje, no entanto, estou feliz, pois te tenho ao meu lado.
- E que seja assim para sempre, Lobo.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

23º Desafio - Ari para Ann

Alguém aí ainda lembra do desafio 30? Nunca acabei né? Pois é, que feio... Mas, como nunca é tarde para continuar um bom projeto, resolvi voltar atrás e completar pelo menos o último pedido. Estive tão preso neste e em outros dois projetos que durante muito tempo não escrevi nada. Bem, é hora de acabar. O que a Ari queria é, de certa forma, um grande presente pra Ann também, então estou dedicando este conto às duas. Acabou que ficou muito maior do que imaginava então espero que aguentem o longo texto.
Há duas coisas que desejo fazer com a Ann, senão no aniversário dela, ao menos em um meeting das lolitas (as quais estão também retratadas aqui, como poderão perceber): Um encontro de Eevees, cada um representando um. A mim caberá o Leafeon, quem me representa no conto a seguir. Boa leitura e aproveitem a festa!

Esta belíssima imagem é do deviantart de CreepyFish, que está vendendo várias outras lindas como esta em sua loja.

A Recepção para uma Fada

As festas nesta família geralmente acontecem a cada três, quatro anos, quando algum novo membro surge. Na primeira só haviam quatro, na segunda já eram seis, na terceira oito. Estavam agora esperando pelo caçula, e ninguém sabia o que pensar dele. A primeira a chegar foi a apressada Jolteon, sempre elétrica e atacada. Seu pelo espetado quase furou os balões na entrada, assustando o pobre Leafeon, quem ofereceu sua casa para a festa.
- Jolie, cuidado! Deu muito trabalho pra enchê-los! E senta a bunda nessa cadeira. Seus spikes vão acabar destruindo tudo antes que os outros possam ver!
- Você é muito fresquinho, Leon, tinha que ser mais selvagem que nem os outros do seu tipo.
- E o que você quer dizer com isso?
A porta abriu-se subitamente com a chegada de Glaceon e o clima esfriou vertiginosamente. Seu vestido semi-transparente fez com que os dois enrubescecem.
- Por favor, Glenda, vista uma roupa decente! – reclamou Leafeon, tentando tampar os olhos.
- Oh, meu amiga, não comesce! Não estou dispostar a discutir isso oche.
- Esse falso sotaque é que me mata. – grunhiu Jolteon virando um copo de suco.
- O que disse, querridinha?
- Nada não, só tava pensando que o Leon tinha que colocar uma música mais animada. Tá parecendo festa de criança.
- Eu... – ia responder o pobre anfitrião quando foi interrompido mais uma vez pela porta.
Deslizando para dentro, fluído como água, Vaporeon rapidamente se encostou em Glaceon passando o braço pelo seu ombro e abrindo um sorriso muito malicioso.
- Tá a fim de dar uma esquentadinha no quarto de Leon, gata?
- Ui ui ui, Varen! Tirra suas mãos de mim! Que grurdento! ARGH!
E lá se foi Glaceon pisando fundo, extremamente revoltada com a aproximação do primo.
- Cara, isso foi nojento. – comentou Jolteon que ainda segurava o salgadinho a caminho da boca.
- Vocês são primos! Em primeiro grau! – gritou Leafon completamente escandalizado.
- E daí? Eu sou tranquilo, mano, faço o que dá na telha. Não é, Jolie? – uma piscadinha marota rendeu um salgadinho no meio da testa – Ah, valeu, tava com fome.
- Eu não mereço isso... Da próxima vez me recuso a sediar essa reunião! – Leafeon começou a arrumar novamente os salgadinhos, já que Jolteon os traçava rapidamente.
- Na verdade, pelas regras, é a novata hoje quem vai fazer isso. Só não sei bem como vai ser, alguém sabe como ela é? – perguntou Jolteon.
- Espero que seja gata, muito gata, mais gata que a Glenda. Mas não tanto quanto você Jolie. – mais uma piscadela que gerou uma marca de coxinha no seu rosto – Prefiro pastel, falando nisso.
De repente um bocejo pode ser escutado vindo de trás do sofá. Espeon, com o pelo todo bagunçado,  e ainda com olhos de sono, levanta-se dando uma vasculhada no ambiente.
- Ué, já chegou todo mundo?
- Ester? Você ‘tava aí o tempo todo? Como é que o Leon não te viu antes? – perguntou Jolie lançando um olhar meio atravessado para Leafeon.
- Ah, é que, eu... É...
- Eu dormi aqui ontem, e ia embora de manhã, mas... Eu tinha perdido minha blusa, então eu fui procurar e... Uaaaaaaaah – mais um longo bocejo – Acabei caindo no sono atrás do sofá.
- Perdeu sua... – começou Vaporeon mostrando-se empolgado.
- BLUSA? – completou Jolteon claramente irritada.
- Não é o que você está pensando!!! – adiantou-se Leafeon recuando para fugir dos ataques de Jolteon – Ela pegou chuva! Lembra? Choveu ontem? Daí eu emprestei uma roupa e...
BAF! O tapa só não acertou Leafeon porque uma sombra estava entre eles. Umbreon, quase todo de negro, interrompera a briga surgindo sabe-se lá de onde. Com o vestido preto mais deslumbrante que pode achar no armário de roupas pretas, era uma gótica perfeita.
- Então minha irmã está causando problemas de novo...
- Uaaaaaah... Eu?
- Sim, você, Ester. Acalmem-se, lindezas, minha irmã está com sono demais para conseguir colocar a grande cabeça dela pra funcionar.
- Desde quando você tá aqui, Brienne? Dormiu também com Leafeon? – a voz de Jolteon estava dois tons acima do normal indicando o perigo.
- Cheguei agora mesmo. Ninguém me ouviu entrar? Normal.
- Bom, agora só faltam nossa rainha e a novata... Nham, duas pelo preço de uma!
- CALABOCA, VAREN! – gritaram todas em uníssono.
- Pera... Não tá faltando também a...
A porta praticamente explodiu com a forma que Flareon abriu, entrando como em uma passarela. Linda e poderosa, vestida em um casaco de pelos vermelhos brilhantes e com uma sedosa bata cobrindo-lhe o corpo, desfilou até o meio da sala.
- Olá, pessoal, sentiram minha falta?
- NÃO! – responderam Umbreon e Jolteon.
- Na minha cama, AGORA! – foi o que disse Vaporeon.
- MINHA PORTA! AAARGH! – Leafeon só pode reclamar.
- UAAAAAH! – foi a resposta inteligente de Espeon.
- HUNF! Plebeus! Eu chego aqui, linda e divosa e sou assim recebida? Não me admira que esta festa esteja um uó! Vocês não merecem minha presença!
Os seis primos e irmãos começaram a discutir (bom, na verdade cinco, Espeon puxou uma soneca no sofá) avidamente, o que só piorou com a entrada de Glaceon, rival eterna de Flareon e a única ali a se destacar tanto quanto ela. De repente alguém fez:
- Caham! – veio o pigarro entre os Eevolutions.
Nenhum deles respondeu, todos olhavam uns para os outros mas conheciam bem aquela voz. Flareon decidiu dar uma olhadinha para baixo só para ver os grandes olhos divertidos de Eevee.
- Olá, Flaire. Como vai? – perguntou inocentemente a criaturinha tampinha.
- O-olá, minha querida! Vou bem e você?
- Muito bem, só um pouco triste, já que minhas queridas crianças estão brigando.
- Brigando? Nós? Nunca! – corrigiu Glaceon rapidamente – Só estávamos em um caloroso debate!
Leafeon deu um tapa na própria testa.
- Caloroso? Você, Glenda?
- Aaaaah, bem...
- Não importa. Vocês todos estão aqui reunidos para conhecerem o mais novo membro da família e aqui está ela! Pode entrar, Sylvia!
Os Eevolutions todos prenderam a respiração quando a garotinha de chiquinhas, vestido rosado parecendo um doce e grandes olhos azui apareceu entre eles. Delicado, fez uma mesura para cumprimentar os outros.
- Olá, eu sou Sylvia, muito prazer!
- Tão... Doce... Eu preciso... – Vaporeon tentou se aproximar, mas um puxão o fez cair no chão.
- Te acalma aí, papa-anjo, que ela não é pro teu bico. – bronqueou Jolteon, não alto demais para Eevee ouvir.
- Bem vinda à família, Sylvia, eu sou Leon e...
A garota começou a rir, rir e rir. Leafeon ficou desconcertado e procurou os outros para tentar entender o motivo de tanta graça.
- Você tem um topete engraçado. Desculpe. – Sylveon disse entre as risadas.
- Ah... Tá... – Leafeon se recolheu, envergonhado e alisando os cabelos.
- Oi, somos as gêmeas, Brienne e Ester, tudo bem?
- Noooossa, que olhos grandes ela tem. – comentou Sylveon olhando para Ester muito de perto.
Foi a vez de Glaceon impedir que Umbreon desse um soco na garotinha. Por fim, Flareon se aproximou.
- E não é uma coisinha linda, tão fofinha, vai ficar quase tão bonita quanto eu quando crescer.
- Obrigada, TIA, só espero não ganhar tantas rugas quando chegar na sua idade.
Muitos ataques desordenados e um rugido de Eevee depois, os Eevolutions estavam caídos, exaustos e alegres. Apesar das maldades, Sylveon foi bem recebida entre os primos, percebendo que a garotinha tinha o dom para o caos, com a sutileza e o veneno de uma fada. Leafeon passou entre eles deixando cobertores para que não sentissem frio à noite e sentou-se ao lado de Eevee que tomava seu chocolate quente com calma.
- Ótima festa, Leon, que a próxima seja tão boa quanto!
- Vai ser dada pela Sylvia, né? – perguntou Leafeon preocupado.
- Claro, essa é a regra... Apesar de que... Não sei se ela vai estar preparada para o que vai vir?
- O que você quer dizer com isso, Vivi? – um brilho no olhar de Eevee deixou Leafeon assustado.

- Isso, meu querido... É surpresa!

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Sem fôlego

Tem dias que amanheço incapaz de conseguir fazer tudo que me programei, acabo indo em outra direção. Eu deveria estar com o almoço no fogo, deveria estar fazendo ligações, mas só consigo agora escrever, é um mal que não sei como combater e que me compeliu a escrever estas palavras, transformar em versos do que poderia ser uma canção. Não tenho a quem dedicar, então dedico a todos os meus mais próximos, vocês, que sabem de quem estou falando, e espero que apreciem o que escrevi. É uma poesia, de fato, mas não sei dizer qual seu destino. Ela ficará aqui até que eu queira voltar.

Lamento muito não estar com você

O mundo se distorce ao meu redor
Ancorado em um harpão no meu peito
Que me causa um desespero intenso
Uma sensação de terror imenso
Preciso correr, preciso gritar
Mas na solidão da minha casa
Ninguém pode me escutar
Talvez eu escolhi errado
Em não estar ao teu lado
Talvez eu tenha me precipitado
Eu devo estar muito enganado
Sufoco em minha indecisão
Afundando mais e mais
Na escuridão
Desculpe por te irritar
Com minhas inúmeras lágrimas
Não queria mesmo incomodar
Mas antes de ir embora
Pronto pra me despedir
Quero dizer que só você
Pode me fazer sorrir
Obrigado por existir

PS: Obrigado Luize, porque me indicar a ter títulos grandes. Eles realmente ajudam muito.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Como uma folha no vento

Engraçado o título dessa postagem, vem de outro personagem que eu curto muito e de repente fiz uma ligação bizarra entre ele e a imagem que me fez escrever esse conto. Bom, de qualquer forma, isso não importa, quero que vocês mesmos tenham uma impressão nova sobre o texto. Hei, é o primeiro depois de meses! Estou devendo ainda uns textos do desafio (mais precisamente três) que trarei logo pra fechar minha conta. E também retornarei a projetos antigos e verei no que dá.
De resto, agora casado e na minha própria casa (apartamento, na verdade), estarei pronto pra me dedicar um pouco mais, de cada vez, ao blog.
Aproveitem o conto!

Almas Prometidas

Encostou-se na parede, segurando a barriga para não deixar o sangue escorrer mais depressa. Não tinha muito tempo pelo jeito, então o negócio era conversar para se distrair. Ela chorava, chorava de soltar berros de dor.
- Ei... Cala a boca...
- Por que... Por que você fez isso?
- Nem eu sei bem... Acho que foi instinto, algo dentro de mim disse para fazer. Nem pensei muito.
Ali perto, próximo de cair do penhasco, o corpo do assassino finalmente ficou frio, a nesga de vida se esvaindo para o limbo de onde voltaria algum dia. Sua espada escorregou para o vazio, o nada em que ele iria jogá-la. Ainda bem que não conseguiu, mas não sabia por que pensava isso, a conhecera há tão pouco tempo.
- Como é mesmo seu... Ah, esqueça... Não preciso saber...
- Diga, se for te ajudar, diga.
- Seu nome, qual é mesmo?
-Zee. É assim que meus amigos me chamam.
- Zi. Diferente...
- É Zee, com dois e’s. Eu não gosto muito do meu nome, era de uma antiga rainha, só que as histórias sobre ela são cheias de tragédia.
Ele olhou de relance para seu inimigo morto, pensando quão irônica ela podia estar sendo. Seu coração começou a bater mais devagar, muito mais fraco, então logo chegaria sua vez. Ao menos ela estava inteira, poderia fazer sua parte, talvez transformar aquele mundo negro em algo bom, trazer de volta os sorrisos dos aldeões, dos povos da floresta, da montanha e do mar... Por que pensava nisso? Nunca fora tão altruísta.
- Eu realmente queria ter viajado mais, conhecido outras pessoas...
- Você vai, vamos sair daqui, eu vou lhe recompensar e então você poderá ter sua própria fazenda! Talvez comprar outra égua como aquela... Sinto muito, não tive a intenção.
- Tudo bem, era só uma égua velha. Nós tivemos nossos momentos, mas ela não andava bem da cabeça. Sua fixação por cenouras quase me faliu.
- Você é engraçado. Quero te conhecer melhor.
- Garota... Não vai dar... Ele me cortou ao meio com a espada, eu...
- Por favor não! Não quero que meu salvador vá embora assim.
Que menina egoísta, como se ele tivesse ao que se agarrar. Órfão, pobre, apenas algumas heranças como o chapéu idiota que o protegia do frio, a flauta esquisita e a égua que nunca o levava para onde queria. Agora estava tudo perdido, o chapéu caíra no abismo, a flauta fora quebrada e a égua... Pensou nos últimos momentos ao lado dela e seu coração falhou em uma batida ou duas. Não conseguia mais respirar.
- Zee... Vem cá.
Ela se aproximou, agarrando sua mão. Chorava de soluçar, os olhos completamente marejados. Incrível como mesmo assim era a garota mais bonita que já vira.
- Hei ei ei. Tudo bem, estou aqui ainda. Fique do meu lado.
- Vou ficar,pode acreditar!
- Também... Também quero te conhecer melhor... Talvez, algum dia.
- Vocêpromete?
- Eu... Eu prometo, juro!
Ela sorriu, a primeira vez que ele viu aquele sorriso, e foi com essa visão que ele se foi. Sua alma abandonou seu corpo logo antes do resgate chegar. Eles tiraram ela de lá arrastada, aos gritos.
...
O homem entrou no palácio acompanhado do filho que tropeçava nos próprios calcanhares. Era o grande dia, o nascimento da herdeira do trono. Há anos que esperavam por ela, por aquela que carregaria o legado da família real. Seus pais pareciam felizes, a primeira menina em trezentos anos. Todos foram trazidos para festejar.
Debaixo da sacada, metade do reino esperava ansioso pelo aparecimento do rei carregando a bebê nos braços e ovacionaram quando as cortinas se abriram. Ainda com o manto de dormir, o soberano trouxe a menina enrolada nos cobertores arroxeados. O fazendeiro ergueu o garoto nos ombros para que conseguisse olhar para ela.
- Vê, Link? Essa será sua rainha!
E com os olhos vidrados, completamente hipnotizado pela criança que mal conseguia ver, o menino sorriu com tudo, algo vindo de dentro do seu espírito.

- Sim, pai. E eu lutarei por ela. É uma promessa!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

22º Desafio - Luiz Augusto

O Luiz ainda não havia lido meus desafios anteriores quando sugeriu este que trago agora, mas teria combinado bem com um conto recente. Falar de mais uma "polêmica" sempre é interessante. Com isso eu tenho dois textos de discussão. Quero ver se alguém se empolga em debater comigo o assunto!

Quanto preconceito!

Sabe quando seus colegas de trabalho lhe convidam para ir no bar no happy hour de sexta e você diz que não porque vai encontrar a galera da sua guilda e terminar aquela maldita raid? Eles lhe olham torto, meio desconfiados e depois riem? Se sim, você não é uma exceção, apesar de hoje videogames serem pop, e pop com P maiúsculo.
Seus amigos jogam League of Legends, mesmo aqueles que NUNCA haviam nem terminado uma partida de Freecell (você sabe, o jogo do demônio que vem com o Windows). Seu patrão deve conhecer FIFA, mesmo que seja “naquela versão que dá pra jogar com o Vasco”, e aliás até diz que ganha fácil de você. Sua namorada passa horas na página do Facebook não curtindo fotos dazamigas, mas no maldito City Ville, Criminal Case ou aquele da Marvel. Os games estão muito mais frequentes do que há dez, quinze anos. E daí?
Daí que isso não afasta o preconceito, na verdade cria duas novas formas dele. Em uma, os chamados “gamers de verdade” torcem o nariz para qualquer forma de entretenimento que não custe dedos e unhas ou horas diante de uma tela de 32”. Em outra, os “casuais” ficam constrangidos em serem amigos de “hardcores”, o tipo que prefere passar o final de semana fechando pela segunda vez um RPG famoso a ir à praia. E ainda há o clássico preconceito dos pais e outros “adultos” sobre qualquer coisa que seus filhos achem divertido.
Games são violentos, RPG é coisa do demônio e jogos de carta levam ao vício, motivo pelo qual “meu filho nunca tocará em uma dessas coisas”. Não é porquê estamos no século XXI, a internet facilita o conhecimento sobre praticamente tudo e o pensamento é mais “livre” que esse tipo de ideia parece ultrapassada. Pelo contrário, parece que a facilidade de todo mundo dizer o que acha tornou mais simples para os ditos responsáveis acharem uma forma de “argumentarem” sobre os males de se jogar alguma coisa.
Até agora já dei vários exemplos, mas não custa dar mais um bem específico: Trabalho em uma loja de card-games e sou bem aberto para discutir as qualidades e defeitos do meu produto, até mesmo para educação e desenvolvimento social. Justo. Ainda assim, alguns pais preferem não conhecer melhor o que seus filhos querem jogar e os proíbem de vir aqui ou, sabendo que isso só faria pior para eles, tiram os seus “brinquedos”. Não preciso ser mais claro: Não é algo que funcione bem, certo?
Há um ambiente ruim nos games? Possível, realmente alguns lugares não são propícios para crianças, adolescentes e até alguns adultos permanecerem, mas maturidade é algo que se desenvolve primeiro em casa e depois fora dela. Se a pessoa já é desestabilizada não haverá lugar seguro para ela. E ponto, não é um jogo de cartas, de computador ou até mesmo uma amarelinha que vá prejudicá-lo mais. Qualquer coisa seria um gatilho.

Mas claro, sempre culparão o elo “mais fraco”, os games, por qualquer coisa do tipo. Pena, se tem algo que posso dizer é: Obrigado Final Fantasy VIII por meu inglês, obrigado Magic: The Gathering por meu raciocínio lógico (e também vários outros jogos de mesa) e principalmente obrigado Vampiro: A Máscara pela minha capacidade de improvisar e interpretar personagens.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

21º Desafio - Bruno Benetti

Tudo bem, eu sei, estou BEM atrasado, mas alguém ainda está contando pra ver se estou em dia? Ok, vocês estão, mas, poderiam, talvez, serem piedosos comigo? Prometo que vou compensá-los! O desafio do dia foi proposto pelo meu colega de jogos de carta Bruno Benetti que achou que seria divertido ver... Bem, uma certa ficção em um conto que misturasse um de nossos hobbies com o "mundo real". Vejam e divirtam-se!

Um belíssimo pássaro que trará a esperança, nesta arte do DA.
O Mestre

O garoto corre para o beco, olhando em volta para garantir que não estava sendo seguido. Uma porta escondida abre-se quando ele bate três vezes na parede, levando a uma sala mal iluminada por uma lâmpada vermelha. Outro rapaz o esperava ali, encostado perto da passagem que leva ao subterrâneo.
- E então? Tranquilo?
- Sim, ninguém me viu e minha mãe tá de butuca pra impedir que eles venham atrás da gente.
- Tua mãe topou mesmo a parada?
- Ela não é dessas, cara, ela sabe o valor dos bichinhos.
- Beleza, bora então, parece que tá todo mundo lá embaixo.
A medida que desciam o som ficava cada vez mais alto. No subsolo, quase meia centena de adolescentes como eles conversavam, trocavam ideias, e até mesmo exibiam seus monstros. Em um canto com sofás, o líder debatia com seus companheiros. Assim que viu a dupla o homem, um pouco mais velho que os outros, levantou-se e foi até eles.
- Noah, é ótimo vê-lo por aqui.
- Moses. Obrigado pelo convite, a Arena está pronta?
- Perfeitamente. Trouxe o time todo?
- Só três. Não estou treinando mais nenhum. Não depois...
- Tudo bem, não falemos nisso. Também usarei três então. Se ganhar, eu te passo a medalha, mas se perder...
- Já sei, eu me junto à vocês e vamos seguir sua ideia idiota de lutar contra o governo.
- Idiota ou ousada? Se nos unirmos, poderemos acabar com a opressão e libertar nosso povo. Olhe em volta, somos muitos!
Noah realmente olhou e poderia concordar, mas sabia que o governo era bem maior, não só por aqueles que mandam, também aqueles que obedecem, seja por medo, seja por dinheiro. Suspirou, seria uma batalha dura e esperava ganhar. Conhecia a fama de Moses e esperava que ela fosse exagerada. Seria uma derrota dura demais para aguentar.
- Bem, quando estiver pronto.
E fez um sinal para que as pessoas se afastassem, liberando o espaço para eles duelarem. Com estilo se posicionou no canto oposto, o Azul do defensor do título. Noah foi até o canto vermelho, do desafiante, e olhou para o controle de teleporte. Era seu terceiro console desde que fora descoberto no verão anterior, sempre com a sensação que seria novamente hackeado pelos técnicos do governo. A dor de perder alguns parceiros era sempre rápida, e passava quando chegava em casa e os encontrava ainda lá.
Apertou o botão convocando o primeiro deles. Uma tartaruga gigante, com canhões saindo de dentro dos cascos e o tamanho de uma caminhote surgiu na parte vermelha da Arena. Do outro lado Moses chamou uma enorme cascavel roxa com presas que poderiam furar a lataria de um tanque.
- Blastoise? Uma escolha interessante, Noah. Mas não se preocupe, Fear vai dar uma lição nele.
Por um minuto Noah pensou em rir. A cada instante, cada movimento, as memórias de treinador voltavam e teve certeza de que não perderia. Conhecia o monstro do seu oponente, já enfrentara outros antes. Moses era bom, mas ele com certeza era melhor.
- Treinadores, podem começar! – gritou o juiz.
- Tempest, Jato de Água!
- Fear, cave por baixo dele e o ataque pelas costas!
Os dois monstros obedeceram ao mesmo tempo, água pressurizada rachando a parede logo atrás de onde antes estava a cobra. Para Moses era uma batalha garantida, mas ao ver Noah dar um sorrisinho sua confiança se abalou.
- Tempest, Terremoto.
A arena e até o prédio tremeu com a batida da pata da grande tartaruga no chão. Pode-se apenas ouvir o chiado da cobra que conseguiu se espremer para fora do buraco completamente destruída. Se não fosse seu corpo maleável poderia estar morta agora.
- Por essa não esperava. Tudo bem. Teleporte para fora, Fear. Teleporte para dentro, Pain.
Com essas palavras o Arbok foi retirado da arena e surgiu em seu lugar um inseto de carapaça amarronzada com duas enormes pinças espinhosas em cima da cabeça. Sua mandíbula abria e fechava em um som medonho e seus olhos brancos davam a impressão de que conseguiam ver tudo.
- Um Pinsir? Uau, esse realmente...
- Pain, estrangule o Blastoise, agora.
Mal teve tempo de reagir, o monstro já pulava no pescoço da tartaruga quando Noah gritou:
- Defesa de Ferro, Tempest!
O Blastoise parou, permanecendo firme, enquanto as pinças se fechavam ao seu redor, mas elas não conseguiram produzir nenhum efeito ao se apertarem. Parecia que ele havia virado rocha.
- Tempest, Jato de Água na fuça desse Pinsir. Sem dó.
O inseto foi jogado contra a parede a tal velocidade que quase a perfurou. Moses trincou os dentes de raiva, incapaz de achar uma boa expressão pros seus pensamentos malignos. Estava sendo humilhado e detestava isso.
- Muito rápido esse seu monstrinho... Parece que você andou dando alguns buffs nele...
- Apenas treinei e cuidei dele o máximo possível.
- Tudo bem... Então eu vou lhe recompensar colocando em campo alguém que preparei especialmente para você... Plague, teleporte para a arena.
Noah não teve tempo de pensar. De repente uma sombra negra surgiu na arena e golpeou Tempest com uma energia densa, parecida com uma nuvem tóxica. A tartaruga estendeu as garras para o garoto, como que pedindo ajuda e eles só pode apertar o botão de teleporte. Seus olhos estavam arregalados, seus maiores temores tomando conta de sua mente.
- Nã-não... Não pode ser!
- Sim, eu trouxe um amigo que achei que você gostaria de encontrar. E então, ninguém mais para enfrentar meu Plague?
Ele encarava o Gengar, apenas um amontoado de matéria escura que tinha uma expressão como um sorriso maligno. Duas luzes vermelhas, seus olhos, estavam olhando de volta e pareciam entrar no seu corpo lhe causando uma intensa tremedeira. Teve medo, muito medo, de chamar seu próximo monstro e acontecer tudo de novo. Lembrou-se do seu amiguinho caído, da dor de vê-lo se contorcendo com o pesadelo e então tudo parou. Uma cova, muitas lágrimas e o enclausuramento auto inflingido. Isso o paralisou.
- Bem, vou considerar então sua desis...
- Hope, é agora.
O botão pressionado fez surgir uma intensa luz no meio da arena, teleportando o seu monstro favorito. Uma ave esquisita, de corpo branco, e com manchas azuis, pairava brilhante, sua própria presença afastando o fantasma.
- O... O que é isso?
- Um Lugia. O Lugia. Hope. Choque Psíquico.
Havia frieza na voz de Noah, mas o pássaro lendário o obedeceu, lançando uma onda de energia mental tão forte, visível apenas como o grito dele, que fez desaparecer o fantasma instantaneamente.
- Vitória do canto vermelho, Noah!
Moses caiu de joelhos mas seu oponente não comemorava. Na verdade ele estava de pé, observando os movimentos do seu monstro, que, agora que tinha completado sua missão, também o olhava. O pássaro voou para perto dele e o envolveu, sumindo em uma explosão de luz branca.

- Obrigado... Amigo.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

20º Desafio - By myself

Como eu não tive mais sugestões (e uma ainda está no forno), acabei fazendo hoje um desafio para mim mesmo com uma ideia que tive repentinamente arrumando as caixas de livro pra mudança. Algo meio perturbador que realmente mexeu comigo um pouco. Por que será? De qualquer forma, eu acho que vocês podem se identificar com a historinha. É curta, verdade, mas tinha que ser assim. Enjoy it!

Um ambiente macabro criado por MSHFAR.
A Sala Escura

Primeira hora.
Nada demais, apenas alguns sons estranhos vindos dos cantos e a constante impressão de estar sendo observado, o de sempre. Sei por experiência própria que nada deveria mudar nesse curto espaço de tempo. As badaladas me avisaram de que uma hora havia passado, se não eu nem perceberia. É a partir de agora que as coisas vão ficar ruins de verdade.
Segunda hora.
Ele está ali, eu sei, esperando que eu me distraia, que eu durma. Não vou lhe dar esse gostinho, estou bem armado, alimentado e descansado. Só com muita sorte ele poderia me pegar desprevenido. É claro, usa truques para isso. Eu tenho certeza de que ninguém bateu na porta umas vinte vezes. Um de seus joguinhos mentais mais perversos.
Terceira hora.
Agora há mais uma pessoa comigo na sala, Bob. É um cara legal, mas com certeza não estava preparado para isso. A experiência está sendo chocante para ele, que agora treme de medo de tudo e também parece não conseguir controlar suas vontades. Devorou sua barrinha de cereal em minutos, bebeu a garrafa d’água e espero que tenha sido isso que vazou pro chão.
Quarta hora.
Bob está irritante, tentando o tempo todo devorar as MINHAS provisões e me acusando de coisas que não fiz. Ou melhor, que ELE fez. Foi ele quem abriu a porta e deixou que a criatura entrasse. E foi ele quem deu dois tiros e errou, fazendo com que a criatura se misturasse às sombras. Agora nunca saberemos para onde ela foi.
Quinta hora.
Matei Bob, aquele maldito. Quem mandou chegar perto da MINHA espingarda? E tentar ainda usar lógica contra mim para provar que eu que estou errado. Ora bolas, eu sou expert nesse game, Bob! Eu te odeio, seu gordo filho da...
- Jimmy, desliga esse videogame que já tá na hora de dormir!
- Mas mãe! Eu ainda não consegui acabar!
- Obedece, menino, ou vou aí e te dou uns tabefes!
- Droga, velha...

Jimmy levanta, vai até o videogame e toca no botão de desligar. Antes da tela ficar preta ele olha para o cadáver de Bob que acabar de saquear, levando seus itens. Em outro lugar do mundo algum garoto ou garota deveria estar roendo as unhas de raiva. Bom, problema dele, que não sabe jogar direito!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

19º Desafio - Jorge Fernando Botticelli

O meu irmão finalmente cedeu e me deu uma sugestão de texto, fechando os três de hoje. E é por isso que trago até vocês a resposta ao desafio de falar de Cosplays, tratando de um tema bem polêmico: competição contra diversão. Espero que vocês possam entender minha posição e se gostem do texto!

Cosplay: Diversão X Competição

Desde meus tempos remotos de evento eu convivo com cosplay. Se não fazendo, assistindo competições, tendo amizade com cosplayers e até mesmo julgando (em uma situação que me deixou muito preocupado, mas me divertiu). Nesse tempo, e lá se vão nove, quase dez anos, já tive oportunidade de ver diversos tipos de cosplayers: do introvertido que se esconde nos cantos ao exibicionista, o campeão de competições e o empolgado.
De fato, grande parte do público de evento já pensou ou já tentou um cosplay antes. E muitos deles pensam nisso para demonstrar aos outros como é legal o personagem que gosta, pular de um lado pro outro fazendo poses e falando como ele e até, quem sabe, participar de um concurso. Mas isso não acontece, não é bem assim MESMO. O que vemos são duas situações: Em uma o cosplayer acaba ficando quieto esperando no seu canto pra que alguém peça uma foto e em outra ele participa de tudo, entrando em uma guerra pra pegar um troféu, uma medalha ou um vale-Mupy.
A questão é: Parece que não dá pra se misturar a brincadeira de se vestir e agir como o personagem e a empolgação de vencer um Estilo Livre ou Tradicional. É proibido, é feio, as pessoas não gostam. E é bem o contrário. Por isso que em muitos dos eventos que vou parecem esvaziar algumas categorias dos concursos. É o medo de ser criticado ou simplesmente preguiça de pensar em alguma cena que possa representar.
E assim temos eventos que simplesmente NÃO podem privilegiar o cosplay, nem pela falta de iniciativa do evento, mas pela não-vontade do cosplayer. E digamos que isso sejam aqueles eventos em que não há grandes premiações envolvidas, quando os “profissionais” aparecem. Entendam, tenho vários amigos cosplayers, e muitos deles são ótimos no que fazem, adoro vê-los “fantasiados”, ou seja, a caráter e representando seus personagens. Mas nem por isso eu os apoiaria se seu foco você vencer, vencer, vencer.
Não que ter uma direção seja ruim ao cosplay, nem por isso, só digamos que, quando tudo se torna uma competição, não parece haver espaço pra diversão. E aí, como ficam as brincadeiras, as apresentações livres que todos riem, que iluminam uma sessão de tortura após vários angst de personagens emo? Ok, posso estar generalizando, e estou, mas a questão aqui é refletir: Vale a pena sacrificar algo que deveria trazer alegria em prol de um maldito troféu, prêmio em dinheiro, viagem pro... Esqueçam, pensemos nos eventos pequenos!
E daí vem aquele ponto: E quem faz qualquer coisa, ás vezes até de sacanagem, um toscosplay ou um cospobre? Bom, tudo é válido, desde que não seja ofensivo aos outros, não concordam? E isso dá espaço pra muita coisa, certo? Fazer aquele cosplay do personagem que curte, mas que não é muito conhecido, zoar de armadura de papelão, até criar categorias inusitadas na competição! E nisso surgem as melhores ideias, as versões mais legais de alguns personagens... Ou pelo menos uma quantidade absurda de risadas.

No fim, a discussão poderia ser quase infinita, cada cosplayer tem sua posição. Fica apenas a minha sugestão: Quer fazer cosplay? Faça, se divirta. Se ficar bom ou ficar ruim, você saberá, isso não vai te impedir de fazer de novo. Só tenha na cabeça que é pra se divertir. Esse deveria ser o foco. E seja feliz.

18º Desafio - Rodrigo "O Bardo"

E ESTE foi o texto que escrevi ontem, mas não saiu a tempo. Bom, desafio respondido, senhor Bardo! Espero que curta a narrativa que desenvolvi para completar sua ideia. Sinceramente? Adoro trabalhar com personagens assim, seguros de si mesmos. E é isso aí, desafio aceito!

Falha de Julgamento

A mulher arrastou-se pela neve, tremendo de frio, próxima da morte. A ferida nos quadris quase impossibilitava o movimento. Havia um bocado de sangue encharcando as roupas. Dificilmente poderia se esconder de predadores. Avistou ao longe o mosteiro, as portas abertas para necessitados e pensou que poderia ficar ali por um tempo. Monges dificilmente a julgariam e fariam mal. Perfeito.
Apesar das dores ela conseguiu chegar até as portas e entrou em uma sala iluminada e aquecida por uma lareira. Três homens correram para ajudá-la, levando-a para a enfermaria. Trataram seus ferimentos, deram uma espécie de soro de ervas que nem quis saber e a colocaram em uma cama coberta da cabeça aos pés.
Percebeu que eles a olhavam, principalmente quando encontraram a faca, e seu instinto lhe disse que suas previsões haviam sido incorretas. Poderia ser que eles a deixassem morrer por conta de sua profissão. Analisou o ambiente procurando rotas de fuga. Talvez, com sorte, podria encontrar mantimentos suficientes para escapar nessas condições e sobreviver algum tempo naquele clima ártico. Escolheria melhor a próxima missão.
Quando enfim ficou sozinha buscou pela arma e os equipamentos,mas não os achou em lugar algum. Estava pensando em ir mesmo sem eles quando a porta abriu lentamente. Jogou-se para dentro dos cobertores mais uma vez e ficou esperando. Um único monge, o mais velho, percebeu, entrou carregando uma bandeja com um prato e um copo de suco, que colocou ao lado dela.
- Olá, espero que esteja melhor. Os nossos chás são muito bons para curar machucados.
- Obrigada, meu senhor. Mas não quero atrapalhar, partirei logo. Estava em jornada para uma vila não muito longe daqui. – mentiu, preparando um motivo para ir embora.
- Honestia, imagino. – e sorriu quando ela concordou – É um lugar bonito, o povo é bem educado e as pessoas tendem a se entender bem.
- Parece realmente bom. Foi recomendada por um amigo... – ela pensou em parar ali, qualquer mentira a seguir poderia estragar tudo.
- Agora coma, a sopa vai lhe recuperar as forças.
Realmente, o caldo fumegante exalava um cheiro maravilhoso, despertando um apetite desconhecido. Em outras ocasiões teria ficado preocupada, mas naquele lugar estaria tranquila. Pegou o prato e tomou um boa colherada de uma sopa muito gostosa.
- Diga-me, criança, o que mais você veio fazer nestes lados? Essa faca me parece muito perigosa, por exemplo.
Ele dizia isso segurando a lâmina de um jeito estranho, que despertou os sentidos dela. Precisava ficar atenta, não poderia se deixar ser enganada por qualquer um.
- Eu estava usando para me proteger dos animais que surgissem. Detesto pistolas, apesar de terem me recomendado, e ainda poderia usar para cortar algumas coisas. – eram apenas meia-verdades, então não estava fazendo tão errado.
- Entendo. Realmente é uma bela faca. Bem, espero que ela lhe seja útil.
- Sempre foi e sempre será.
- A sopa está gostosa?
- Muito! É fantástica... De que é?
- Uma mistura ótima de ervas finas, um pouco de creme, cenouras, batata e arsênico.
Achou que não tinha ouvido bem a última palavra, ela tinha soado muito errada.
- Perdão, eu ouvi arsênico, mas você quis dizer...
- Isso mesmo que ouviu. Claro, você não notaria nunca com a combinação que fiz, que tira o gosto ruim e deixa apenas o efeito. Neste momento seu corpo já deve estar perdendo o controle enquanto o veneno age.
Era verdade, ela tentou chegar até a faca, mas sua mão caiu no meio do caminho, fraca e mole. Sua boca secara, e tinha certeza de que estava morrendo. Uma dor escruciante cortou seu corpo ao meio.
- Mas... O quê...?
- Eu achei que nunca te encontraria, mas você cometeu uma falha grave e foi avistada quando correu da mansão do pobre Rochefeller. Sorte que sobreviveu à armadilha deles, senão eu não teria a oportunidade de capturar seu cadáver. Não se preocupe, não deixarei que ninguém tire um troféu seu.
Quase não ouvia mais nada, o que o falso monge percebeu, pois parou de falar. Ele sorria de um jeito diabólico e só então ela notou que ele era bem diferente dos outros. Tinha a pele em um tom mais ocre, seus braços eram um pouco musculosos e seu olhar nada sereno. Como se deixou errar tanto? Treinamento idiota.

- Ah sim, antes de morrer, um alento... Não existe Honestia. Mas você adoraria morar lá. Morra bem, criança.

17º Desafio - Bruna Cristina

Uau, esse foi intenso. A Bruna, depois de muito, muito me enrolar mesmo, finalmente me desafiou a fazer um conto usando como fundo a música Behind Blue Eyes do The Who. Digamos que eu acho que consegui entrar no feeling da coisa e saiu um conto bem tenso que eu adorei escrever. Era pra ter saído ontem, mas exatamente o sentimento que me fez atrasar pra hoje é que tornou o conto tão legal. Eu ainda devo dois textos a vocês. Não se preocupem, voltem em meia hora, no máximo. Coloquei a música junto para que vocês possam sentir o que quero dizer.


Anger - Raiva

As janelas fechadas. As portas trancadas. A luz apagada. Apenas uma vela iluminando fracamente a parede forrada de fotos. Todas manchadas com cola, umas poucas riscadas nos rostos alheios. Apenas o dela intacto.

No one knows what it's like
To be the bad man
To be the sad man
Behind blue eyes

Chora, o corpo tremendo de dor e medo. Medo da morte. Medo da vida. Uma faca ao lado, suja de um líquido vermelho espesso. Provavelmente ainda quente. Os gritos do lado de fora, chamando, perguntando o quê, o por quê. Na cabeça milhares de pensamentos.

And no one knows what it's like
To be hated
To be fated
To telling only lies

Memórias de quando se conheceram, flashbacks de cada encontro, da troca de sorrisos, da promessa de amizade e amor. Tudo se desvanecendo, sobrando apenas lembranças sutis de momentos juntos. Os gritos ficam mais altos, as mentiras vão caindo uma a uma.

But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free

Cada uma das histórias contadas, as verdadeiras e as falsas, se tornam lágrimas em seus olhos. Os sonhos de dias felizes desmoronam diante da intrincada rede de bobagens ditas. Se há algum remorso, se mistura com a ira e o rancor. Ela não poderia ter feito o que fez.
Pega a faca, pronto para fazer o que se prometeu fazer. Passou dias pensando nisso, arquitetando uma forma de se livrar de uma vez do sentimento que apertou seu coração até espremer toda a felicidade. A vingança que o libertará de um amor cruel.

No one knows what it's like
To feel these feelings
Like I do
And I blame you

Ela fora a pior de todas, causadora de um mal tão profundo que ele não tinha palavras. O líquido pinga da faca, marcando o chão e secando em seguida. As pessoas do lado de fora tentam arrombar a porta, alguns gritam: “Não faça isso! Não!”

No one knows how to say
That they're sorry
And don't worry
I am not telling lies

Ignore-os, diz a si mesmo, eles não sabem de nada. Mas sabiam de tudo, ninguém o avisou, ninguém disse o que aconteceria. Só se importavam consigo mesmos. Agora pedem desculpas, tentam consolar, fingir que está tudo bem. Nada está bem.

No one knows what it's like
To be the bad man
To be the sad man
Behind blue eyes


Desfere o primeiro golpe, sujando de vermelho as fotos. E outro, e outro. Fica mais fácil a cada facada. A parede vai se colorindo a medida que as fotos são destruídas. Nenhuma do rosto dela fica intacta. Ele levanta, abre a porta, não há ninguém, apenas fantasmas. Vai embora.