sábado, 27 de outubro de 2018

Era uma vez...

Continuando a árdua tarefa de registrar os meus passos, venho falar da minha participação na Semana do Escritor no SESC da Prainha, em Florianópolis. Durante os dias 22 a 26 de Outubro vários autores passaram pela Biblioteca do SESC e tiveram contato com o público no geral e, em especial, crianças, falando de suas obras, do seu trabalho e também contando histórias e declamando poesia. Eu, muito grato, fui convidado a participar e nessa terça, dia 23, estava lá entre as 14h e 16h.

Olha a bancada linda que a Ann fez pra mim!
Admito que quando cheguei estava despreparado para o que viria. Mais acostumado a lidar com feiras do livro, meu contato maior sempre foi com adultos, mas assim que soltei minhas caixas no lindo espaço da biblioteca a Verônica Santos, minha anfitriã e excelentíssima amiga, me disse que logo viriam as crianças. Um alarme soou: "Oh-oh, o que eu faço?". De repente entravam os garotos e garotas da Escola Baldicero Filomeno, lá do bairro Tapera (longe-longe), e eu olhava pras suas carinhas de 11, 12 anos... o nervosismo bateu forte. Mas foi só abrir a boca e ZÁS!, descobri que sabia exatamente o que falar.



Foi muito gostoso conversar com eles por uma hora, entretê-los com minhas histórias e fazê-los participar das brincadeiras. Fiz amizade com o Paulo Vitor (ô irmão, Vitor Paulo...), o Ruan, a Lavínia, muita gente boa (desculpem não citar todos, mas segura que tem homenagem!). Por fim, eles foram com a promessa de que eu daria algo pra eles poderem comentar e... ah, eu vou cumprir essa promessa, hein?

Logo depois a Verônica me falou que, infelizmente, a menina que contaria histórias pra criançada não pode ir então eu me dispus a fazê-lo, só não tinha certeza se poderia falar tanto porque, bem, eu achei que não teria histórias o suficiente. Mas mais uma vez, PIMBA! Eu estava pronto! Perguntei às crianças o que elas queriam ouvir e me disseram sem pestanejar: Terror! Agora, pensem comigo, crianças de 4, 5 anos... terror? Oh Céus, o que direi? Mas rapidamente saquei da mala um truque, de fazer interação com elas usando o cenário e pronto! Três batidas... o sinal do bicho papão!! Elas se divertiram muito.



Quando acabei, logo veio um pequeno, o Davi, me pedir pra contar sobre dinossauros e então falei do brontossauro que ficou sem comida e foi ajudado por um raptor. Foi ainda mais divertido e rendeu muitas risadas. As crianças adoraram e tirei uma foto com elas, bem feliz. Só parei porque tava dando hora e elas tinham que seguir também. Mas me ajudou a redescobrir a alegria de contar histórias pra grupinhos assim, acho que vou trabalhar mais nisso!

Tchurminha simpática!
Nesse dia recebi o convite de participar do sarau de encerramento na sexta, dia 26, ali mesmo na biblioteca. Meio encabulado, sem saber bem o que apresentar, apareci e encontrei vários amigos... Os
MUITO arrepiado!
queridos VeVe e Conceição, a sempre sorridente Suzana Zilli, a fantástica dona Osmarina, a suave e doce Olga Postal... muitas pessoas maravilhosas que abrilhantariam a noite. Pouco depois de começar também apareceu a Célia Ribeira Moraes, minha colega, co-fundadora e presidente da Academia de Letras e Artes de Florianópolis que sentou-se ao meu lado e apreciou comigo o espetáculo. Foram várias performances de música, poesia, contação de história e uma energia muito boa. Fiquei encantado especialmente com um grupo de professores que fizeram uma união perfeita de Drummond, poesias próprias e interpretações de arrepiar.




Por fim, quando cada um se apresentava, em especial os membros da Associação dos Contistas, Poetas e Cronistas Catarinenses (ACPCC) eu fui convocado a falar. E o frio na barriga? Depois de tantas atuações de nível pensei no que poderia fazer. Naturalmente, veio a resposta como um lampejo, contei a história que originalmente era o conto que vou reproduzir aqui embaixo, sobre um lobo e sua paixão pela lua. O resultado foi uma salva de aplausos que me deu muito orgulho de receber. Foi assim que concluí esta fantástica participação nos eventos do SESC que me deixou não só satisfeito, mas esperançoso. Que próximos passos darei? Veremos!



O Lobo que amava a Lua

Há muito, muito tempo havia um lobo tão negro quanto a escuridão, seu pelo longo belo e brilhante, e de coração muito nobre. Esse lobo um dia olhou para o céu e viu algo tão belo que seu coração bateu mais rápido. O lobo se apaixonou pela Lua, veja só! Caído de amor, o lobo resolveu que queria chegar até ela e partiu em uma jornada.
Passou por florestas e desertos, lagos e montes, cavernas e cidades, nunca parando, sempre seguindo. Durante o caminho fez vários amigos, e todos perguntavam:
— Pra onde vai, ó nobre lobo?
E ele respondia, os olhos muito alegres e o focinho aberto em um sorriso:
— Vou atrás do meu sonho, do meu amor, a lua!
Os amigos sorriam de volta para ele, mas sempre pensavam:
— Coitado, a lua está tão longe! Como vai alcançá-la?
Alguns até falaram com ele, pediram que voltasse, ou que, como os outros lobos, sentasse e uivasse para ela, mas ele respondia:
— Meu amor vai abrir portas, vai construir pontes e vai me dar asas! Sei que um dia chegarei lá!
E seus amigos balançavam a cabeça, tristes, pensando que ele nunca conseguiria.
Um dia o lobo viu a lua mais próxima do que o normal, tão grande, tão ofuscante, redonda e cheia, de um amarelo quase dourado e soube que tinha chego a hora. Subiu na montanha mais alta, passando por muita neve que caía do céu, mas a lua continuava lá, entre as nuvens, como se quisesse guiá-lo, correspondendo à sua paixão. Não se importando com os ventos frios e cortantes, com a nevasca lhe batendo no corpo, o lobo seguiu, e a neve ia colando ao seu pelo negro. Quando chegou ao topo da montanha o lobo parou apenas uma vez para olhá-la de novo, e enchendo-se de coragem se jogou ao vazio.
Ainda hoje é possível vê-lo por entre as estrelas, seu pelo grudado no céu e a neve em sua pelagem se tornando a linda constelação de Lupus... o lobo que alcançou as estrelas para ficar perto de sua amada lua.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Reacendendo a chama

Depois de mais de um ano fora, retorno para começar uma nova fase. Nesse sábado passado, 13 de outubro, fiz um evento no Ateliê Carnivalli que serviu para dar início aos meus novos projetos. Desde maio deste ano sou um acadêmico da Academia de Letras e Artes de Florianópolis, vulgo ADLA, e estou investindo no meu lado escritor, razão pela qual a Toca do Lobo Negro vai voltar à ativa! Espero publicar mais vezes, tanto contos quanto crônicas e poesia.

O belo convite para o evento!
O evento em si foi idealizado e realizado pela minha esposa, Ana Carolina Botticelli, a Ann que já citei várias vezes aqui, com o auxílio do seu colega do Ateliê, o Luiz Augusto Vicente (o LAV), e os pais dela, Maria Vilma dos Santos e o Ney Santos, que foi quem me deu o empurrão pra participar da ADLA. Vieram vários amigos e companheiros escritores e tivemos a oportunidade de conversar bastante enquanto aproveitávamos um coquetel divino que eu quase fiquei sem comer enquanto tirava fotos (feitas pela Mare Botticelli) e autografava livros.

O conto publicado foi Por Algumas Moedas, no livro Além da Magia, da editora Andross, com quem trabalho há alguns anos já. Aliás, tenho duas indicações ao prêmio Strix, a corujinha dourada da editora, que condecora os melhores trabalhos de cada uma das antologias. A primeira vez foi com Gato Sombrio, do Engrenagens, que é o conto que deu origem ao universo em que estou trabalhando pra virar um romance, e a segunda foi As Palavras de um Homem, do Baladas Medievais, um dos meus favoritos. Quem sabe o desse ano me rende uma estatueta ano que vem?


Ah, durante o evento eu declamei uma poesia que fiz especialmente pra ocasião e que trago aqui pra registrar. Eu pensei nela aos 45 do segundo tempo, na noite anterior, quando senti que precisava falar algo e que fosse melódico. É bom citar que agora eu estou assumindo oficialmente bardo como parte do título, já que sou um contador de histórias. Apreciem então...



Balada do meu coração



Você pode sentir?
A energia que está no ar

Que faz vibrar a centelha
Que existe dentro de você
Ainda te farei contar
As mais belas e diversas histórias
Das aventuras que viveremos
Aqui e acolá
E você vai jurar que viu
Dragões e fadas
Robôs e naves espaciais
Lembra-se de quando visitamos a lua?
Amigo, amor, meu companheiro
Eu vou te levar muito além
Te guardarei no cofre do coração
E quando pararmos diante da fogueira
Te honrarei com uma canção
Eu sou um bardo, menestrel
Nascido da conjuntura de homem e corcel
Sou caça e caçador
E se tenho fogo na alma
Também tenho o amor
Sou apaixonado por mil
Filho de Exú e Dionísio
Eu vou provar a ati
Que amor igual ao meu não tem
E vai ouvir de mim
As mais belas e diversas histórias
Do início ao fim

A decoração também estava maravilhosa!

Amigos presentes deixaram-me muito feliz