quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

11º Desafio - Aleatório

Sim, voltei a um dos desafiantes anteriores. Até surgir alguém novo, vou aproveitar segundas e terceiras sugestões de alguns deles. Este desafio me lembrou muito o filme Memento, que virou Amnésia em português, e que tem uma das montagens mais simples e divertidas que já vi. Assim, não foi lá muito difícil imaginar como proceder com o texto. Espero que gostem!

Como me meti nessa?

Percebi na hora que havia feito a escolha errada. Tive apenas dois segundos para pensar, tempo suficiente para apertar o gatilho. A bala atravessou a mesa e ouvi o baque do corpo caindo em seguida. Gosta de sangue escorreram pela borda, manchando o carpete na minha frente. Respirei fundo e contei até dez. Nenhum som novo. Ótimo. Saí do esconderijo. BANG!
Quando nada mais pode me frustar, os problemas começam. Escuto os passos no corredor e mal tenho tempo de me esconder embaixo da escrivaninha e deixar que as armadilhas façam seu trabalho. A navalha cai e uma cabeça rola pelo chão. A espingarda acerta um e ouço o grito gargarejado do sangue saindo pela boca. Os passos cessam. Aparentemente estão todos mortos. Resolvo tentar sair.
Realmente não é meu melhor dia. Toda a sala está coberta dos mais variados truques para acabar com os homens que podem nem aparecer. Dificilmente as coisas já estiveram mais complicadas. Foi uma ideia idiota armar isso tudo, o telefonema, a conversa com Diana, ter deixado Roger fugir. Suspiro aliviado quando termino de colocar o fio quase invisível que vai soltar a lâmina do teto.
Como se eu já não tivesse feito uma grande burrada antes. Diana bateu a porta quando saiu, irritada e pisando pesado. Tenho que falar com ela depois, seria uma boa nos reconciliarmos. Agora, preciso me concentrar. Há muita coisa que posso usar aqui. Uma base de guilhotina, uma espingarda antiga, algumas atiradoras de pregos e outras coisas menores que podem ser bem letais. Comecemos a trabalhar!
- É claro, porque você é muito imaturo! – ela grita chegando a me assustar. – Você tem o péssimo hábito de coletar inimigos por aí, atrapalhando sempre qualquer chance de vida a dois que podemos ter! Francamente, Daniel, cresça de uma vez ou eu... Ou eu... – Oh, oh, ela viu a sacola em cima da mesa – O que é isso? DEUS! Quer saber, desisto disso! Vou embora! Lide com eles sozinho!
- Eu não tenho culpa de nada, eu juro! – aquilo explodiu dentro de mim, havia cansado de ter que me explicar sempre – Por favor, Diana, eles que vieram até mim, e isso porque o SEU amigo Roger me deixou na mão! Olha que legal, foi só as coisas apertarem e ele deu no pé levando a única chance de eu me livrar na conversa. Que grande amigo ele é que me sacaneia assim logo na primeira briga né?
- Você sempre reclama muito. – disse ela, as lágrimas começando a escorrer – Eu não vou aguentar se continuar assim. Eles invadiram o apartamento quando eu estava sozinha. SOZINHA! E se tivesse me acontecido algo? Você tem que tomar mais juízo, Daniel, ou eu vou te deixar!
- É essa bosta de cobrança louca desses caras. Eu falhei em uma missão apenas e lá vem “Daniel, você é um merdinha!”, “Daniel não faz nada direito!”, “Daniel sempre falta com a gente!”, mas que droga! Eu recebo a pior parte e a menor divisão dos lucros sempre. Sabia que não era uma boa ideia ter aceitado aquela proposta que você me trouxe por conta do Roger.
- Qual a sua justificativa pra ISTO? – ela levanta os restos da maçaneta – Diga, Daniel, por quê esses caras invadiram o apartamento enquanto eu tomava banho e vieram atrás de mim? – coloco a sacola em cima da mesa pensando no que falar – DIGA!

Sabia que tinha algo errado quando cheguei lá. A porta estava semi-aberta e Diana me esperava sentada no sofá, só de robe, os olhos me fuzilando enquanto entrava. Seus lábios tão apertados que dificilmente passaria um fio de cabelo. Droga, pelo jeito hoje seria meu último dia na terra. Essa mulher ainda me mataria.

2 comentários:

  1. Adoro textos que nos fazem ler e reler várias vezes =D
    A única parte que fez minha mente pirar (e ter que ler umas duas ou três vezes) foi o primeiro (ou último) pois não ficou claro - ao menos não para mim - quem foi que tomou o tiro :T

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    1. A ideia é exatamente essa. Perceba que o texto não parece nem começar nem terminar. Ele é só um fragmento.

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