sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Todo mundo...

Já passou por aquela situação interessante de se reunir com a família... Da mãe. Do pai. A própria, depois de cinco, dez, até quarenta anos de casado. E há aqueles que sempre aparecem. O tio mala, a tia fofoqueira, o primo trambiqueiro. Bem, alguns tem famílias diferentes, com gente que é diferente mesmo, mas quão diferente? Acompanhem um pequeno causo dessa família aqui...

Reunião Familiar


Foi uma ocasião rara, os sete se reunirem assim, sem algum motivo muito importante como o fim do mundo ou quem faria o próximo inventário da família. Por conta de sua enorme vontade em exibir a nova coleção de Portinari que comprou em um leilão, Orgulho ofereceu sua casa para receber o clã, apesar dos protestos de Preguiça. Mas como ele só os fez uma semana depois, acabou por isso mesmo e Luxúria passou no loft dele no caminho, afinal houve uma festa na noite anterior, a apenas duas quadras dali, e ela não podia perder.
Começou no meio da tarde, nem cedo demais nem tarde demais, para não interromper nenhuma refeição do Gula, que estava em dieta controlada. Ira foi o último a chegar, batendo com força na porta porque haviam esquecido, de novo, de deixar a vaga dele aberta e novamente teve que deixar o carro ligado enquanto abria os portões. Como sempre, coube ao Ganância, o líder do grupo, a ingrata tarefa de apaziguar a todos... Até o momento em que foi pego roubando, mais uma vez, a carteira da Inveja, que não parava de olhar pro vestido curtíssimo de Luxúria desejando avidamente tirar aquela peça dela... E sair correndo porque estava louca pra experimentar.
Enquanto trocavam farpas aberta e avidamente, Orgulho foi conferir pela décima sétima vez se os Portinari estavam todos bem expostos para que ninguém deixasse de reparar neles e fazer comentários. Luxúria tremia de excitação pelos abraços apertados de todos, o que rendeu uma pequena anedota depois entre Ganância e Inveja, acerca do momento em que a garota abraçou Gula, mantendo-o longe da mesa de doces. Inveja estava verde de ver a gostosa da irmã tanto tempo abraçada com o fabuloso, e inexplicável, irmão musculoso, enquanto Ganância pensava em como era ótimo ter mais doces para poder pegar para si. Não que fosse comer. Odiava doces.
A grande estrela da festa no final foi o Preguiça, que de tanto tédio, acabou cochilando na varanda. Depois de algumas horas de resmungos e até gritos constantes, Ira reparou na falta do irmão, que já congelava de frio da chuva torrencial que caía, mas por pura falta de vontade, tinha ficado do lado de fora mesmo depois de acordar. Com muito trabalho, Orgulho o arrastou para dentro e para longe do seu carpete, colocando-o no banheiro principal, para que ele não esquecesse de reparar no mármore da pia.
Tinha ficado tarde já e Luxúria precisava sair URGENTE para encontrar os amigos “especiais” na festa logo a duzentos quilômetros dali. Em rápida troca de palavras, Inveja garantiu que a irmã viajaria até a China se fosse pra ficar se jogando no meio de machos. Gula concordou, mas ficou pensando que... Ah, se fossem doces... Por que não? Ira saiu em seguida, mais uma vez furioso porque, agora, Ganância havia roubado um dos quadros de Orgulho que veio correndo atrás dele gritando “É meu!”, sendo seguido por Inveja que gritava a mesma coisa, curiosamente, e acabaram esbarrando em Gula que derrubou o prato de doces no casaco de Ira. Conclusão? O irmão brutamontes desferiu porrada em todo mundo, e foram parar no hospital.
No fim das contas, o último a sair, quer dizer, que ainda não saiu, foi Preguiça, esquecido do lado da mesa da comida, ainda com pouca vontade de ir pro quarto descansar em uma cama melhor do que o sofá de quinze mil do irmão. É que dá muito trabalho. Essas reuniões de família sempre terminam assim.

4 comentários: