quinta-feira, 4 de julho de 2013

Prometheus

Existem coincidências e coincidências. Hoje mesmo assisti um vídeo (falo sobre ele ao final do texto, esperem até lá!) e quando fui escolher o conto que iria publicar, acabei lembrando exatamente do que vi, e isso gerou um riso involuntário aqui. Francamente, existem comédias que a gente produz sem querer, na boa. Esse conto, por exemplo, não começou exatamente como uma comédia, mas com uma frase que eu queria colocar em um diálogo. E então foi surgindo e surgindo e acabou saindo meu primeiro conto engraçado BOM, o que é uma raridade e por isso eu tinha o DEVER de divulgá-lo. Se ficou realmente BOM quem decidirá são vocês!

Sim, Senhor!



- Senhor?
- Aaah-AAAAAH!
- Senhor?
- Igor, pela Ciência, já lhe disse para não me assustar assim!
- Senhor, o experimento acordou, eu acho que...
- Como? Já? Mas, ainda não se passou nem um dia! Diacho, Igor, eu lhe disse que desse os sedativos na ordem certa!
- Então, senhor, eu realmente dei. Na verdade, faz menos de meia hora que dei a nova dose.
- E ela já está de pé? Eu não estou pronto! Igor, vá buscar meu terno!
- Mas senhor...
- VÁ!
- Como pode? Eu tenho certeza de que os tranquilizantes a deixariam dormindo até a hora que estivesse tudo preparado. Ainda tenho que fazer a janta, e tenho que tomar um banho! Não, não dá tempo pro banho, usarei aquele perfume francês que Mamã me deu de Natal. Ah sim, aqui está. ARGH! Isso fede! Mas, com certeza é melhor do que o cheiro das máquinas. E o local? Eu ainda estava pensando se usava a velha sala de jantar ou o calabouço, e agora? O que ela achará mais confortável? Pela Ciência, como está tudo dando...
- Senhor?
- IGOR! Se entrar mais uma vez me assustando, eu lhe darei um murro!
- Vai doer mais no senhor do que em mim, mestre.
- Verdade, eu sou muito fraco. Já sei! Mandarei você bater em si mesmo!
- Ideia brilhante senhor. Aqui está o terno que me mandou buscar.
- Ótimo. Perfeito! Fan... Igor?
- Sim, mestre?
- Por que há um buraco enorme nas costas do terno?
- Lembra, mestre, que o senhor usou este terno para ir à convenção dos cientistas malucos no ano passado e saiu de lá correndo dos tomates?
- Sim...
- E que em seguida o senhor achou que o terno estava estragado e tentou usá-lo para vestir o seu monstro... Digo, seu protótipo, o qual o rasgou prontamente? (O que foi uma sorte, porque o queimamos em seguida)
- Sim...
- Então. Quando, na segunda-feira, o senhor pediu que eu cortasse um pouco de tecido para fazer de pano para colocar o frasco do cérebro fresco e trazê-lo para cá, usamos o pedaço que estava ruim do terno e seria tirado de qualquer jeito.
- Está me dizendo que não tenho mais nenhum terno?
- Bom, sim...
- IGOR, SEU PASPALHO INÚTIL!
- Ma-mas, mestre, foi o se...
- Não me venha com desculpas, sua anta superdesenvolvida! Vá me buscar uma roupa, qualquer roupa decente e me faça a janta! Em quinze minutos!
- Ora, bolas, ele estraga o terno e eu que...
- O QUE ESTÁ RESMUNGANDO AÍ? VÁ DE UMA VEZ!
- Sim, mestre! (Eu ainda me demito...)
- Este Igor, francamente. Destrói meu terno e ainda me vem com historinhas... Como se eu, um grande cientista e ganhador do prêmio Nobel (retirado depois por uma calúnia... Eu não preciso desses fanfarrões hipócritas), seria capaz de algo tão idiota! Igor, Igor... Tem sorte por ser sobrinho da empregada da tia em segundo grau da minha Mamã, senão...
- Ahn, senhor?
CRASH! TOMP! BOOM!
- E QUANDO VOLTAR A SUBIR AS ESCADAS, BATA NA PORTA, GIGANTE IMPRESTÁVEL!
TOC! TOC! TOC!
-Entre, Igor.
- Senhor, só vim avisá-lo (ai, minha coluna) que o seu experimento (acho que torci o tornozelo) está acordado.
- Susan, Igor.
- Como, senhor?
- O nome dela é Susan.
- O senhor tem certeza que é ela?
- Como se atreve, Igor?
- Mas ela tem barba!
- Bem, era o único queixo disponível...
- E posso jurar que as mãos dela são maiores que as minhas!
- Só tinha um pouco da única mulher no local...
- E as pernas dela são peludas!
- Ora, mas o que você queria que eu fizesse com meio corpo de mulher, cabeça de padre, braços de jogador de basquete e as pernas de um motoqueiro bêbado?
- Não era melhor esperar para semana que vem, senhor?
- Mas Mamã vem me visitar hoje.
- E o que tem isso senhor?
- Hunfhunfhunf...
- Eu não entendi senhor.
- HUNFHUNFHUNF...
- Senhor?
- EU FALEI PRA ELA QUE TINHA UMA NAMORADA!
- ...
- ...
- ...
- ...
- Senhor?
- Sim, Igor?
- Era melhor ter roubado um urso do zoológico e ter colocado em um vestido.
- Igor?
- Sim?
- VÁ FAZER O JANTAR!
- Eu juro que não entendo esse homem, tão inteligente, mas também tão burro...
- Ah, Igor, como se fosse fácil. Bem, ainda bem que Mamã é quase cega, coitadinha, e também um pouco surda, e se eu der sorte, os remédios para que ela durma vão funcionar rapidinho e antes da sobremesa ela já ter apagado. Oh, aqui está você, Sus... IGOR!
- Sim, mestre?
- AAH! Você estava me esperando chamar?!?
- Não, eu só estava...
- Deixe para lá! Igor, por que você não me disse que ISSO tinha acontecido?
- Bem, eu achava que era parte do projeto...
- Parte do projeto? PARTE DO PROJETO?!? IGOR! Você viu meus desenhos, acha que eu queria ISSO?
- Não, mas... Considerando a visita da sua mãe...
- Não fale isso! ARGH! Só falta ela chegar agora!
DING! DONG!
- Igor... Diga que é uma testemunha de Jeová.
- Não, senhor. É sua Mamã.
- Abra a porta, Igor.
- Vitinho, quanto tempo! Mas como está gordinho! E forte! E seu cabelo está lindo!
- Senhora, eu sou Igor, o criado de seu filho.
- Sim, sim, Vitinho, eu sei, você puxou meu lado da família, não o do seu pai, que ficou careca, de bochechas de buldogue e usou dentadura antes dos trinta.
- MAMÃ, ELE FALOU QUE É O IGOR! EU SOU O VÍTOR!
- Ah, sim, sim! Hum, é, meu filho, você está bonzinho.
- Bonzinho, Mamã? Veja, eu ando malhando.
- É, estou vendo que você anda... É... É... Bom, e onde está aquela sua namorada?
- Ahn, eu vou buscá-la. Igor, leve-a até a sala de jantar!
- A sala de jantar, senhor? Mas eu achei que usaríamos o cala...
- Então a leve para lá!
- Ele sempre grita assim com você?
- Sim, senhora.
- O que disse?
- SIM, SENHORA!
- Não precisa gritar, eu não sou surda!
- Hunf... Senhora, fique aqui, que eu vou terminar de verificar a comida no forno, sim?
- Esse criado do meu filho é muito folgado... Gritando assim comigo, como se eu fosse ralé! Mas Vitinho realmente investiu nesse castelo, até colocou correntes nas paredes de decoração! E veja só, tem um esqueleto de mentira! E ali um espelho... Puxa, eu preciso mesmo depilar as pernas.
...
- IGOR! Você viu Susan?
- Não, senhor. Eu acabei de deixar sua mãe no calabouço e vim pegar a comida.
- PELA CIÊNCIA! Onde estará essa mulher?!?
- Se é que pode ser chamada de mulher...
- O QUE DISSE?
- Ah, perguntei se o senhor não gostaria de uma bebida.
- Eu nunca bebo, Igor! Só quando estou socializando!
- Ou seja, de segunda a sexta.
- COMO?!?
- Ah, comentei que talvez Susan esteja com sua Mamã.
- NÃO! Temos que ver isso já!
- Como quiser, senhor.
- Igor, eu por acaso estou vendo duplicado?
- Se o senhor estiver, eu também estou.
- Elas são...
- Iguaizinhas...
- Vitinho! Que surpresa maravilhosa! Eu adorei sua namorada! Pena que é tão tímida! Mas que lindo sorriso! E que pele sedosa!
- Igor?
- Sim, mestre?
- Eu vou aceitar aquela bebida... De preferência toda ela.


It's Aliiiiiiiive!

Como prometido, o link do vídeo do Quatro Coisas sobre Frankenstein, que ficou simplesmente ÓTIMO! Espero que vocês também aproveitem! A imagem aí de cima foi exatamente por causa do começo desse vídeo.

10 comentários:

  1. Igor! Igor! Igor! \o/
    Ri muito quando o Vitinho jogou ele da escada!
    Muito bom, muito bom mesmo! Parabéns!

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    1. Olha... ELE AVISOU! XD E como avisou, esse Igor, sempre chegando ao estilo mordomo fantasma... XD

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    1. Essa risada tão sincera me comove. XD Que bom que gostou!

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  3. Eu fui o único que gostou da Mama T_T

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    1. De acordo com a minha amiga Bruna, o fato da namorada dele ser parecida com ela é o verdadeiro TERROR do texto... Logo, sim. XD

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  4. Kkkkk!
    Demoroy, mas quase gargalhei nu meio da aula.
    Roney

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    1. Bom que segurou, não gostaria de te fazer ter problemas com professores. XD

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  5. Gostei do conto, Ton. Muito bom a ideia de o criado bater em si mesmo... economiza punhos! rsrsrs

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    1. Eu realmente achei muito divertido escrever esse texto e essa piada foi uma das que me veio mais espontaneamente, sem precisar PENSAR nela. ^^ Grato por ter lido.

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