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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

2016

É engraçado, eu tenho muita dificuldade de lembrar do ano que passou, conseguir mensurar quando começou e quanto tempo passou. Se me dissessem que tivemos 365 dias de 2016, eu provavelmente calcularia por diversos dias que correram e que em algum momento percebi serem espaçados. No geral eu tive um ano muito conturbado e aqui vão alguns porquês:
— Descobri vários motivos para não gostar de algumas pessoas, realmente várias delas mentiram pra mim e isso não foi legal. As pessoas normalmente não pensam nisso mas... eu descubro, gente, eu sou inteligente e sei perceber sinais.
— Também descobri várias coisas sobre mim, o que foi perturbador. É muito chato quando você senta e para pra pensar nas coisas que fez e que ainda faz e que talvez não sejam tão boas. Mais do que em 2015, quando já tinha passado por um rehab, 2016 me golpeou monstruosamente no estômago e por isso peço desculpas a várias pessoas.
— Morreu gente. Não mais do que morre todos os anos, mas eu senti alguns impactos. Pessoas que parei e percebi "Nossa, nunca mais verei..." e nesse sentido tenho perdido algumas pessoas nos últimos anos que... bom... são pessoas próximas. E doeu, como doeu... aliás...
— 2014 foi minha Tia Irma. Em 2015 minha Vó Maria. Eu agora moro na casa que elas moravam, e 2016 foi um ano de provação para ver quanto eu aguentava sem ouvir a voz delas, suas risadas, suas mancadas, o que elas me aconselhavam, mesmo que não fosse tão bom. Acho que só a Ann e mais umas duas pessoas já me viram desmanchar por causa delas... eu virei poeira, basicamente. Poeira quase lama, já que minhas lágrimas correram como rios... eu sei que muita gente sabe como é isso, mas deixem-me ter minha dor particular sim?
— Pra fechar, 2016 também me testou em quanto eu aguento com minha loja. Aqui admitir um mea culpa: eu não tenho formação de Administrador e não faço ideia de como ser um bom gerente. Sou um vendedor, eu me dedico a dar o melhor produto para os meus clientes, fazê-los sorrir, ficarem satisfeitos. Mas não foi o suficiente. 2016 foi um ano em que a política brasileira se jogou como o Anderson Silva no UFC: entrou batendo, achando que tava com tudo e levou MUITA porrada. O resultado é que nossa economia levou um baque tão grande que as pessoas pararam de gastar, e com isso os hobbies, como os que vendo, deram uma baita diminuída. Eu tive que cortar despesas, tive que investir menos. Tive que abrir mão de algumas coisas.
Isso vai mudar em 2017. Tudo isso, mas devagar. Por isso quero só levantar 3 coisas de 2016 que vou levar pra este ano pra fazer isso girar:
— Eu fui honesto, honesto de verdade com a Ann. Contei pra ela coisas que estavam no meu coração me machucando, e sei que a machucaram também. Abri tudo que podia pra que ela me entendesse e percebi como amo essa mulher. Isso não é da boca pra fora. É algo gigante, que não posso medir. Por mais que brinque com isso.
— Eu aprendi uma palavra realmente importante: Empatia. Você não gosta de algo que alguém te faz? Diga. Ouviu que alguém tá incomodado? Obedeça. Não acredita em algo ou acha que é besteira? Respeite. Tem uma opinião para dar, mas ela pode machucar? Tenha paciência. Eu mesmo sou bem grosseiro de vez em quando e ditador, mas quero ouvir mais, ensinar mais, aprender mais.
— Finalmente, quero que as pessoas se amem. Mesmo que nem sempre seja bom pra mim, quero que elas encontrem a felicidade. E nesse sentido vou me esforçar pelo amor alheio. Quero anos que venham com muita paixão, muita tranquilidade, muita... união.
Quero fazer do meu mundo melhor. Conto com vocês.

sábado, 11 de abril de 2015

E então chegamos ao solo final...

Depois de quatro dias com músicas em inglês, achei que seria bom acabar com esta da Pitty, que é uma das melhores dela, se não A melhor. Digo isso com conhecimento de causa, ouvi muita coisa da cantora graças ao gosto peculiar da minha esposa, que aliás, é a razão de eu gostar ainda mais dessa música. Ao contrário da protagonista, eu não fui deixado em uma estante, para exibição. Eu sou feliz ao lado dela e é isso que me emociona, me impulsiona, me direciona. E é dedicado a ela que trago esse texto, que não é nem um conto, nem uma dissertação, nem nada. São meus pensamentos jogados em duas páginas de Word e trazidos crus pra cá. Contemplem o que acontece quando minha mente se liberta ao som da Pitty.

                               

Eu ouvi tantas vezes que não se é possível conquistar alguém sem tentar se aproximar, sem fazer o mínimo de esforço. Muitos de nós se sentem incapazes de dar este primeiro passo, sorrir, perguntar se quer tomar um café e iniciar uma conversa. Dói o medo e a dor causa o pavor. É muito assustador pensar que se pode quebrar o coração de forma tão frágil assim com um simples “não”.
Luciana se aproximou de Tiago e tocou seu ombro, vendo-o se virar com um sorriso muito amplo, daqueles que fariam seu coração perder o compasso. Ajeitou o cabelo atrás da orelha e com muita timidez fez a pergunta que estava ensaiando.
- Ei, quer ir com a gente no cinema?
A expressão no rosto dele foi definitiva. Envergonhada, a menina resolveu dar as costas e ir chorar em algum canto.
É tão difícil se expôr, se colocar à mercê das dúvidas e enfrentar algo que, a princípio, deveria ser natural e tranquilo. Os animais o tempo todo cortejam uns aos outros e tem que lidar com a rejeição quando não são as melhores opções. O ser humano é quem racionaliza, emociona e principalmente se deixa afetar de forma a pensar que nunca vai se recuperar. Além de doer, é capaz de traumatizar, colocar barreiras que vão demorar, se é que vão, pra se desfazer.
Elton deu duas voltas na quadra antes de conseguir entrar na loja e ir falar com Mariana. Tinham combinado de se encontrar ali há duas semanas e a garota desmarcara o compromisso pelo menos umas quatro vezes, na maioria por motivos um tanto bobos. Agora ele iria conversar com ela, tentar entender porque ela estava fugindo. Encontrou a amiga parada de costas para uma estante, analisando caixas cheias de produtos.
- Mari?
- Hum? Oi El! Tudo bem? – ela perguntou meio sem graça.
- É... tudo... eu achei que talvez você pudesse tomar um suco comigo na sua hora do café... tem uma lanchonete ótima aqui do lado, na galeria e...
Pode ver a tristeza no olhar dela e sentiu um bloco de gelo no estômago. Anteviu o que vinha em seguida e aguentou enquanto ela tentava explicar que eles não iriam sair, talvez fosse melhor não se verem mais...
E uma alternativa mais... rápida... é diminuir suas expectativas, seja no tipo de gente com quem vai se relacionar seja na forma como se relaciona ou mesmo se não quer se unir com ninguém. Não que você seja obrigado a escolher um parceiro ou mesmo ter um relacionamento estável. Tudo é questão de decisões pessoais e isso é único, é livre, cada um faz o que bem quer. Mas a verdade é que muita gente prefere não pensar muito, afinal... a dor lembra de quando foi seguindo uma paixão...
Danillo ficou olhando calado enquanto Fábio desfilava com Daniel. Até o nome era parecido, mas diferente dele, o moreno era muito mais popular, atlético e “entendido da vida”. Até seu apelido, Dani, ele tinha pego pra si. Fábio parecia feliz, muito, e só isso o consolava. Pelo menos, por hora, ele não estaria mais reclamando das brigas com Johnathan. Virando-se para ir embora, Danillo viu uma mão surgir na sua frente e o rosto preocupado de Francine o observando com um olhar tristonho.
- Você não vai falar com eles?
- Não, não... acho que só vou atrapalhar. Além disso, Fábio parece...
- É, eu sei... ele está sorrindo. Mas ambos sabemos que vocês dois não tiveram AQUELA conversa...
- E nem vamos ter, não é necessário.
- Mas ele está errado! Vocês...
- Ninguém está errado, Fran. Pelo menos não aqui. Ele pode ficar com quem quiser. Só não quis ficar comigo...
E mesmo que doa pensar dessa forma, é o certo deixar que cada um tome o caminho que desejar. E é por isso que há tantos corações flutuando, muito fracamente, por aí, esbarrando em relacionamentos espinhosos. Ninguém quer ficar sozinho, mas muita gente quer ficar com quem não consegue. É uma provação tremenda lidar com isso. Nem sempre acaba bem.
Mário recuou, sentindo que era o fim. Tinha visto na cara de Gabriella o que ela queria antes mesmo de abrir a boca. Não voltariam pra casa juntos.
- Você... você sabe que não é o que sinto!
- Para... só, por favor... para!
- Adeus, Mário...
E partiu, deixando-o só.
Mas ás vezes, bem ás vezes, as coisas acabam bem, e alguém ganha uma segunda chance, uma derradeira oportunidade que não foi desperdiçada.
Tiago segurou a mão de Luciana antes que ela saísse do salão e a fez virar, com o mesmo sorriso, mas uma alegria diferente no olhar.
- Ah, claro. Desculpa, eu só fui pego de surpresa... achei que vocês não iam com a minha cara.
- Não! Quer dizer... não, não é isso. O pessoal só te achou diferente. Você é novo.
- É, eu sei... mas... se me conhecerem melhor...
- É isso que eu quero. Bom, topa?
- Com certeza.

A troca de olhares pode ser fatal, ser maldita, criar tanto amor quanto desprezo. O que importa é o sentimento colocado. E aproveitar o que vier pela frente.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Amigos até o fim

Eu tenho bons amigos, bons amigos MESMO, que eu daria a vida por... mas isso é exagero de madrugada, eu os amo e eles sabem disso, eu vivo repetindo. De vez em quando sinto vontade de homenageá-los e dizer coisas que gostaria que eles entendessem, mas nem sempre consigo expressar da forma mais tradicional. Então o que eu faço? É claro, eu escrevo... e foi o que fiz. Criei este texto para unir duas vontades, e uma delas era criar um mundo que tivesse vários elementos que eu gosto, do steampunk ao distópico, e assim fazer uma brincadeira divertida. Sem mais delongas, apresento...

Um fragmento dos heróis de Nova Terra

Uma seta atravessou a porta de madeira, fazendo sangue escorrer do outro lado. Claramente o vigia tivera um triste fim para sua curta carreira, e deixaria pra traz um legado ainda menor se entrassem na sala. As insistentes batidas fizeram com que os dois ocupantes acelerassem o delicado processo de separar as coisas que queriam levar em sua fuga, mas foram interrompidos quando a placa de madeira se partiu com um chute.
O tigre branco saltou com um rugido que silenciou o ambiente, sendo seguido de sua mestra, a caçadora exótica que portava uma besta. Além dela, seus companheiros também entraram, vasculhando o local atrás do objeto que procuravam. Um dos dois mercadores pensou em pegar sua pistola de raios, mas foi interrompido por um golpe brutal do homem que estava com elas, um chute bem aplicado em seu braço, que provavelmente o havia quebrado.
- Você está sendo um incômodo, Jasper. Que tal ficar bem quieto aí enquanto nós procuramos? Mortícia, encontrou?
A mulher de longos cabelos negros remexia em uma gaveta e fez um som de indignação ao tirar uma maleta vazia lá de dentro. Jogou-a no chão e sacou uma varinha energética que apontou para o pescoço de Jasper.
- Não e esse idiota vai me dizer por quê.
- Ahn... pessoal? – perguntou a mecânica que havia entrado por último e utilizava um estranho aparelho-medidor.
- O que é, Naftalina? – perguntou a caçadora já colocando a seta em sua besta.
- Eu acabei de ver, esta é a sala 323.
- E daí? – perguntou Mortícia irritada e encostando a vara no mercador.
- E a sala que procuramos é a 313.
- Droga, mas de novo? – reclamou o monge e saiu bufando.
- Bem, desculpem por isso. – foi dizendo a caçadora e puxando um pedaço da porta para fechá-la – Jasper, Jião, mandem a conta para o escritório. Obrigada.
E assim que eles saíram, ambos os mercadores irmãos se olharam e perguntaram um ao outro.
- Mas que escritório?
...
Enquanto examinavam o orbe, que acabaram comprando do velhinho do 313, os quatro amigos pareciam incomodados. Primeiro um estranho ancião aparecera para eles em um bar, oferecendo uma quantia exorbitante de prata por um amuleto que tiveram de surrupiar de uma cripta na cidade-baixa. Depois o tal ancião fora morto por um cavaleiro negro com problemas de asma que sumira deixando pra traz o medalhão. E aí ele se ativara, revelando a mensagem de uma princesa que pedia para eles a resgatarem e indicava uma esfera que seria na verdade um mapa. Agora olhavam pro protótipo de bola de golfe e se perguntavam se era uma piada de muito mal gosto.
- Isso aqui não serve nem pra peso de papel! Vai sair rolando! – resmungou Mortícia e arremessou o orbe para o tigre.
- Não, não. – disse a caçadora pegando o objeto no ar – Vai fazer muito mal pra você, Vitória.
- Então, o que faremos? – perguntou o monge e pegou uma caderneta da mochila – Não sei se temos algum contato que trabalhe com tecnologia tão antiga.
- Ah, eu conheço um cara. – disse Naftalina – Ele é bom nisso.
- Conhece um cara? Vixi! – disse Mortícia – Seria melhor se fôssemos atrás de um dos antigos amigos da Ártemis.
- Ei! Eu ouvi isso!
- Relaxe, Ártemis. Mortícia só está de mau humor... como sempre. Então, Naftalina, fale desse seu cara.
- Oh! Ele não é nada demais... é só que ele tem uma biblioteca de discos-esfera, e pode ser que ele consiga usar essa coisinha aí! – pegou seu caderno-à-vapor e girou a manivela – Bem, pelas minhas anotações ele deve estar aberto ainda.
- Vamos para lá, então, não acho que seja bom continuarmos nas ruas depois do incidente em Londinum. – disse ele.
Mesmo que não houvesse uma concordância geral, principalmente pelo espírito livre de Ártemis ou a constante braveza de Mortícia, Cárdeo agia como líder nesses casos, já que sua natureza mais centrada o mantinha focado na missão. Sem dizer nada, entraram no trem a jato e seguiram para uma das asas norte de România. Sentados no vagão, com Vitória aos seus pés, eles não encaravam os outros passageiros, que se mantinham longe e assustados. Ártemis alisava o pêlo da tigresa quando Cárdeo tocou em seu ombro.
- Se estiver lhe incomodando isso tudo... podemos fazer alguma outra coisa.
- Ahn?
- Só quero dizer que... você não é obrigada a vir com a gente.
- Mas ninguém me obrigou!
- Tudo bem, Ártemis, só queria dizer isso...
- Se quer dizer alguma coisa, fala direito.
- O que ele quer dizer é que tá afim de sair com você, sua anta! – respondeu Mortícia e então encostou a cabeça no banco – Agora me deixem cochilar e só me acordem quando chegarmos lá!
- Vocês humanos são tão complicados. – comentou Naftalina evoltou a mexer em seu caderno-à-vapor – Chegaremos em menos de dois ciclóns.
O grupo voltou ao silêncio e nem Ártemis nem Cárdeo voltaram a se olhar. Mais tarde, quando chegavam ao destino, o monge segurava bem a soqueira de metal-santo que recebera de seu mestre e beijou-a antes de bater à porta do “conhecido” de Naftalina. Um senhor baixinho, muito pequeno mesmo, abriu-a e olhou para todos com admiração antes de fechar a porta em sua cara.
- Simpático seu amigo, Nafta. – disse Mortícia.
- Não entendi essa...
- Tudo bem, vamos fazer do meu jeito. – disse Cárdeo e então encostou sua arma na porta, pressionando-a – Senhor, por favor, abra ou teremos que invadir.
- Vão embora! Não quero falar com gigantes!
Cárdeo olhou para as três. Apesar de ser alto, ainda era normal para os padrões da época, e suas companheiras não poderiam ser consideradas acima da média.
- Ahn... acho que o senhor não entendeu...
- Ou abre essa joça agora ou a gente vai entrar, te matar e te comer, seu anãozinho! – berrou Mortícia – Ou pior, a gente te dá pra Vitória brincar!
- Por favor, não fale assim da minha gata. – pediu Ártemis – Ela é um doce.
- E tem dentes gigantes, vai né.
- Não estão ajudando meninas. – disse Cárdeo.
Mas a porta abriu e tremendo o homem baixinho olhou para todos.
- Por favor... me deixem em paz...
- Arquimedes, não fique assim. Sou eu, Naftalina Augusta Tímber III.
- Naf... Augusta!!! Oh, por todos os dez deuses, eu não a reconheci sem seus óculos de rubi e sem aquela engenhoca de seis pernas!
- Bem, eu tive que deixá-los em Londinum desde que...
- Caham, senhor Arquimedes, nós viemos até aqui para pedir auxílio. – interrompeu Cárdeo antes que ela dissesse algo perigoso – Naftalina nos disse que você possui aparatos para reproduzir discos-esfera e precisamos muito ver o que há nesse aqui.
E mostrou o orbe acobreado. Assim que pôs os olhos no objeto, Arquimede pareceu pular como um coelho, muito empolgado.
- Sim! Sim! É um ATX-300, modelo excepcional! Nunca vi fora de um museu, mas é... como conseguiram um desses?
- Nós... o confiscamos em uma missão importante. – respondeu Naftalina, surpreendendo os companheiros. Geralmente ela só falava a verdade.
Ela olhou pra eles como se dissesse “Ei, meia-verdade não é mentir, não é?!” e todos ficaram quietos. Ártemis se adiantou e colocou a mão no ombro do velhinho.
- O senhor conseguiria ativá-lo para nós?
- Oh sim! SIM! Por favor, deixem-me vê-lo funcionando! Sabem, o ATX-300 é o único que pode reproduzir imagens e som em alta frequência, e ainda por cima consegue reproduzir cheiros! Já imaginaram como é? Ou melhor, verão! E sentirão!
Um tanto enojados com a ideia, os quatro entraram na casa de Arquimedes que, para seu azar, seguia o padrão do dono. Apesar das garotas não terem de se curvar tanto quanto Cárdeo, estavam com dificuldade de andarem ali dentro e logo ocuparam um espaço no sofá circular dele, em volta do reprodutor. O anão cravou a esfera no centro e apertou alguns dos seus círculos, ativando algum código-fonte que a fez girar até abrir um pequeno facho de luz em direção ao teto. A imagem de um homem nú ocupou a visão deles.
- Oh, não! Tira isso! Tira! – pediram em uníssono.
- Desculpem! Deve ser uma falha na programação! – disse Arquimedes e apertou outros círculos, fazendo aparecer as roupas do homem – Ah, bem melhor!
“Intrépidos viajantes que roubaram esta esfera...”
- Como ele sabe disso? Ai!
- Quieta, Mortícia. – disse Ártemis impedindo que ela confessasse tudo.
“... vocês não fazem ideia do mal que desencadearam...”
- Pronto, a gente estourou o Apocalipse. – disse Naftalina e abraçou a cabeça -  E eu nem terminei meu foguete para ir à Lua!
“... quando me tiraram do meu sono...”
- Peraí... então ele estava dormindo? – perguntou Ártemis – Ele está VIVENDO aí?
“...no ano de 1493 b.T.”
- Isso não foi há... uns vinte anos? – perguntou Mortícia.
- Você nem sabe em que ano está? – rebateu Ártemis.
- Não... bem...
- Isso quer dizer que esse começo de mensagem não foi pra gente. Legal. – disse Naftalina.
“Agora terão que percorrer meu Labirinto Perpétuo e impedir que o mundo acabe... algum dia.”
- Isso não pareceu tão... assustador. – disse Cárdeo.
- É... foi bem vago. – comentou Ártemis.
- Então, a gente pode ir embora? – perguntou Mortícia.
“Em vinte mil, duzentos e treze ciclóns a Terra encontrará seu fim sob a Ira do Monstro do Labirinto quando ele chegar ao Núcleo!”
- Ahn... quanto dá isso?
- Daqui a três dias. – respondeu Naftalina.
Arquimedes saltou de onde estava, foi até a esfera, a pegou, entregou para Cárdeo, saiu da sala e voltou carregando um chapéu e uma mala pequena. Deixou as chaves na mão de Naftalina e se dirigiu à porta.
- Até mais, crianças!
- Espere, Arquimedes! Onde você vai?
- Vou para Habanana, aproveiter meus três últimos dias! Talvez arranjar uma esposa e fazer um menáge a trois enquanto aposto toda minha grana em um cassino. De preferência morrer alcoolizado antes do Monstro chegar!
E bateu a porta, deixando-os sozinhos.
- Ah! – disse abrindo-a em seguida – E podem aproveitar essa espelunca! Façam como quiserem! Adeus!
E fechou de novo.
- Então... o que faremos? – perguntou Naftalina.
- A resposta é óbvia. Vamos morrer!
- Acalme-se, Mortícia, ainda há esperança. – disse Cárdeo.
- Ah, é? Qual?
- Podemos entrar no tal Labirinto e tentar impedir o Monstro!
- E você por acaso sabe onde fica isso?
“A propósito” soou a voz vinda da esfera “a entrada mais próxima fica nas coordenadas 34,5, 45,2, leste” e desligou-se novamente.
- Certo... agora sabemos onde é. Satisfeita?
- Eu que não vou me aventurar nisso aí!
- Eu também não sei... não quero arriscar a vida de Vitória.
- Pode não haver vida depois de três dias, Artie. – disse Naftalina – Eu acho que é melhor arriscar.
- Argh! Não! – reclamou Mortícia – Eu vou ver se tem alguma bebida nesta casa!
E saiu.
- Bem, talvez seja melhor nós realmente irmos descansar. Se formos até esse Labirinto, precisamos decidir logo, mas também estarmos preparados fisicamente. – disse Cárdeo – Procurem os quartos e se alojem. Eu vou ficar na sala mesmo.
Haviam apenas dois quartos, sendo que um deles tinha uma cama que mal cabia uma pessoa, mas na qual ficaram Naftalina e Mortícia. Ártemis ficou com o outro quarto, para que Vitória dormisse aos seus pés. Assim que todas estavam tranquilas, Cárdeo deitou-se no sofá, ocupando-o por inteiro e ainda com os pés de fora. Olhava para o teto pensando em tudo que já tinham enfrentado. Iriam ganhar mais essa, tinha certeza, só que... doía-lhe pensar que elas se arriscariam de novo.
De repente ouviu passos no corredor e já pegava sua soqueira quando Ártemis surgiu, coberta por sua capa de viagem. Ela trazia um copo d’água e parecia estar triste, mas sentou-se ao seu lado, no chão, sem dizer nada. Pegou sua mão e a acariciou, silenciosamente.
- O que foi? Teve um pesadelo?
- Ainda não consegui dormir. Estive pensando em tudo. Nessa... aventura...
- Eu sei, é complicado, mas vamos conseguir e...
- Tem certeza? E se falharmos? Lá em Londinum quase morremos!
- Eu sei, mas não podemos fracassar agora. E não iremos.
- Tenho medo, Cárdeo. Muito medo.
- Eu estou aqui por você, Ártemis. Sempre estive e... sempre estarei. Se me deixar fazer isso, claro.
Ela olhou pra ele e então subiu no sofá, ficando com as pernas em volta da cintura dele. Cárdeo descobriu rapidamente que ela estava SÓ com a capa de viagem.
- Eu vou deixar, pode contar com isso.
E tirou a última peça de roupa, revelando seu corpo malhado do combate, coberto de cicatrizes e ainda assim tão belo. Cárdeo o admirou por completo e levou as mãos aos seios dela, massageando seus mamilos.
- Gosta?
- É parte das mulheres que mais gosto.
- Então os pegue... MEU caçador.
No quarto, Mortícia e Naftalina ouviram os sons que eles produziam na sala e se entreolharam. Ambas ficaram em silêncio, apenas apreciando o momento, mas antes de dormir beijaram-se suavemente e cumplicentemente. Se morreriam logo, queriam compartilhar de alguma coisa especial. Pela manhã, todos estavam quase satisfeitos. Ártemis e Cárdeo caminharam de mãos dadas um pouco, até que Naftalina e Mortícia os viram. Estavam vestidos para o combate.
- Então é isso né? Sem escolhas! – reclamou Mortícia.
- Nós fizemos uma escolha, Mort. Nós vamos tentar salvar a Terra... de novo. – disse Cárdeo.
- Só quero dizer que amo todos vocês. – disse Naftalina e deu um beijo em cada um – E vou estar orgulhosa se caírmos batalhando.
- Não vamos cair. – disse Ártemis e então deu as mãos para Cárdeo e Mortícia e beijou longamente ambos – Estamos aqui para vencer.
- Claro que vamos vencer. – respondeu Mortícia um tanto corada e deu a mão para Naftalina, dando mais um beijo nela – Estamos juntos.
- Vamos? – perguntou Cárdeo.

- Vamos. – responderam as três.

segunda-feira, 23 de março de 2015

A despedida dos heróis

Hoje meu grupo de RPG, que toda segunda-feira eu mestro no Covil, recebeu uma baixa tensa. Mais de metade da mesa teve de nos abandonar por motivos diversos... alguns arranjaram compromissos, outros simplesmente não podem mais estar presentes. E no meio de uma emocionante despedida, tive que eu mesmo me controlar pra não chorar. Os personagens estavam lá, partindo, quando uma nova aventura estava prestes a começar, e tive que interpretar um a um indo embora. Bem... foi bonito, eu gostei. Graças à uma ideia da Ann, que achou que seria legal registrar o momento, estou trazendo aqui uma transcrição QUASE fiel deste momento. Espero que gostem...

Estavam reunidos, alguns recém-chegados, outros amigos de dias e uns poucos com laços tão fortes quanto o aço. De pé, no centro deles, o clérigo de Khalmyr esperava para executar sua justiça, e ia de um a um perguntando qual seria seu destino. Escutou pacientemente cada resposta, dava a eles um tempo para pensar, e então passava ao próximo. Aos poucos os caminhos eram decididos, e sorrisos tristes apareciam nos rostos deles.
- Eu não acho que estou pronto para o desafio, ainda tenho muito o que conhecer, lugares pra visitar... – sussurrou a próxima parte – coisas para roubar...
- Entendo, rapaz, se é esse seu desejo, você viajará comigo.
- Infelizmente... – disse Kou, o garoto-macaco – Inglórion não está mais entre nós para decidir, mas acho que seria certo que ele tivesse seu corpo devolvido ao seu plano natal. E Skhar... bem, ele não está em condições de falar nada, vai junto.
Todos olharam para o lutador que conheceram logo antes, e tiveram tão pouco tempo juntos. Mesmo apagado seu sorriso continuava o mesmo, de quem está sempre confiante. Seria uma aliança formidável, mas também um perigo enorme... e se ele se metesse em encrencas? Os outros olharam para o mago, que pigarreara para chamar sua atenção.
- Eu... não acredito que vou dizer isso, mas... estou muito preocupado com minha irmã. Sei que a missão é importante, e também vejo que sentirão nossa falta, mas espero que entendam. Eu preciso ir atrás dela. – olhou para sua amiga e mentora – Se puder vir comigo, Aurora...
- É claro! Eu não vou sair do seu lado.
- Que seja feita a vontade de vocês. – disse o clérigo – Mais alguém?
- Pessoal... ah, droga, não queria deixar vocês de lado. Não queria mesmo. Mas... – Garddus deu aquela fungada – Eu preciso ir, há um lugar que preciso estar, e pelo bem de quem gosto. Eu não queria, mas vou precisar partir, e vou fazer isso com o coração apertado. Vocês são muito especiais para mim, e mesmo que eu esteja longe, quero que pensem que estou com vocês. Eu posso viajar, posso não conseguir vê-los por um bom tempo, só quero que... pensem que estou aqui. Um dia, se puder, eu vou voltar, vou lutar ao lado de vocês novamente. Espero que esse dia chegue logo. Até lá, boa viagem, por favor, continuem bem. Eu estarei sempre no coração de vocês.

Segurando as lágrimas, Aranel, a última deles do grupo original, viu seus amigos unirem as mãos e se prepararem para ir, com Garddus no meio. O gigante de aço, portando o escudo, era quem parecia mais sereno. Tinha o coração livre. Com um sorriso tímido e triste ela se despediu. “Obrigado por tudo, clérigo de Valkária, que sua próxima aventura seja mais feliz. Adeus”

terça-feira, 1 de julho de 2014

Nove anos atrás...

Poucos sabem, bem poucos mesmo, mas há exatos nove anos atrás eu fazia, pela primeira vez, um pedido de namoro. Bobão, falei algo como "amanhã vamos no cinema... Como amigos ou algo mais?". Foi ainda mais engraçado ao vivo, e talvez tenha sido o motivo de ter dado certo. Ela aceitou. Nove anos depois, estamos casados, morando juntos e ainda muito felizes.
Eu queria comemorar esse momento com algo mais, talvez uma chance de mostrar que construímos juntos não só um relacionamento ou uma casa, mas um grande conjunto de coisas boas. Entre elas, amigos excepcionais, que poderiam fazer a mágica acontecer e, mais rápido do que escrevo este texto, trazer uma mensagem bonita. Desde o princípio eu sou o Lobo, a criatura sorrateira, que muita gente julga como um grande larápio, cretino e safado. Eu gosto disso. Ela também. E ela é a Tigresa, um animal majestoso que só não é o rei dos felinos ou dos animais da selva porque o Leão tem mais juba e fez mais fama. Acreditem, como esta linda criatura, minha esposa é uma caçadora nata e cada vez mais mostra suas garras. Fiquem de olho. Enfim, nós estamos juntos e é isso que importa. Aqui vai uma prova disso. Se é que precisa. Agradeço principalmente à Ariana, à Mônica, ao Karu meu irmão fantástico e a um convidado especial que prefere ser considerado uma incógnita... Por enquanto!

Este é da Ari, a terceira ponta deste casal que é tão diva que merece ser sempre lembrada.

Este é da Monichan, minha nova kouhai tão drag e tão fofa que precisava ser trazida pra cá.

Nosso amigo misterioso disse que estava incompleto... Eu vou bater nele, juro XD

Meu irmão conseguiu colocar tanto romance que eu tô abismado. Obrigado, Karuma!

E claro... Eu tinha que trazer algo meu pra cá... Segue aqui um certo papo entre os dois animais...

- Onde vai amigo Lobo?
- Oh, lugar nenhum, cara Tigresa. E tu, o que fazes nesta parte da floresta?
- Vou ao concerto dos Tucanos, parecem preparar um bom Tango, e como sabe, Tucanos são engraçados e divertidos.
- Posso lhe acompanhar?
- Mas é claro, só não queira devorá-los.
- Nunca, minha amiga felina. É uma pena que estejamos sozinhos.
- Achas? Pois penso que iremos rir muito nós dois apenas.
- Se dizes, não tenho porque discordar.
- Veja, são eles! Como pulam e cantam e tocam de maneira formidável!
- É sim... Eu não imaginava que vê-los novamente me traria tanta alegria.
- Já veio aqui antes?
- Ah, sim, Tigresa, mas na outra vez apenas pude apreciá-los, e não a companhia. Hoje, no entanto, estou feliz, pois te tenho ao meu lado.
- E que seja assim para sempre, Lobo.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

23º Desafio - Ari para Ann

Alguém aí ainda lembra do desafio 30? Nunca acabei né? Pois é, que feio... Mas, como nunca é tarde para continuar um bom projeto, resolvi voltar atrás e completar pelo menos o último pedido. Estive tão preso neste e em outros dois projetos que durante muito tempo não escrevi nada. Bem, é hora de acabar. O que a Ari queria é, de certa forma, um grande presente pra Ann também, então estou dedicando este conto às duas. Acabou que ficou muito maior do que imaginava então espero que aguentem o longo texto.
Há duas coisas que desejo fazer com a Ann, senão no aniversário dela, ao menos em um meeting das lolitas (as quais estão também retratadas aqui, como poderão perceber): Um encontro de Eevees, cada um representando um. A mim caberá o Leafeon, quem me representa no conto a seguir. Boa leitura e aproveitem a festa!

Esta belíssima imagem é do deviantart de CreepyFish, que está vendendo várias outras lindas como esta em sua loja.

A Recepção para uma Fada

As festas nesta família geralmente acontecem a cada três, quatro anos, quando algum novo membro surge. Na primeira só haviam quatro, na segunda já eram seis, na terceira oito. Estavam agora esperando pelo caçula, e ninguém sabia o que pensar dele. A primeira a chegar foi a apressada Jolteon, sempre elétrica e atacada. Seu pelo espetado quase furou os balões na entrada, assustando o pobre Leafeon, quem ofereceu sua casa para a festa.
- Jolie, cuidado! Deu muito trabalho pra enchê-los! E senta a bunda nessa cadeira. Seus spikes vão acabar destruindo tudo antes que os outros possam ver!
- Você é muito fresquinho, Leon, tinha que ser mais selvagem que nem os outros do seu tipo.
- E o que você quer dizer com isso?
A porta abriu-se subitamente com a chegada de Glaceon e o clima esfriou vertiginosamente. Seu vestido semi-transparente fez com que os dois enrubescecem.
- Por favor, Glenda, vista uma roupa decente! – reclamou Leafeon, tentando tampar os olhos.
- Oh, meu amiga, não comesce! Não estou dispostar a discutir isso oche.
- Esse falso sotaque é que me mata. – grunhiu Jolteon virando um copo de suco.
- O que disse, querridinha?
- Nada não, só tava pensando que o Leon tinha que colocar uma música mais animada. Tá parecendo festa de criança.
- Eu... – ia responder o pobre anfitrião quando foi interrompido mais uma vez pela porta.
Deslizando para dentro, fluído como água, Vaporeon rapidamente se encostou em Glaceon passando o braço pelo seu ombro e abrindo um sorriso muito malicioso.
- Tá a fim de dar uma esquentadinha no quarto de Leon, gata?
- Ui ui ui, Varen! Tirra suas mãos de mim! Que grurdento! ARGH!
E lá se foi Glaceon pisando fundo, extremamente revoltada com a aproximação do primo.
- Cara, isso foi nojento. – comentou Jolteon que ainda segurava o salgadinho a caminho da boca.
- Vocês são primos! Em primeiro grau! – gritou Leafon completamente escandalizado.
- E daí? Eu sou tranquilo, mano, faço o que dá na telha. Não é, Jolie? – uma piscadinha marota rendeu um salgadinho no meio da testa – Ah, valeu, tava com fome.
- Eu não mereço isso... Da próxima vez me recuso a sediar essa reunião! – Leafeon começou a arrumar novamente os salgadinhos, já que Jolteon os traçava rapidamente.
- Na verdade, pelas regras, é a novata hoje quem vai fazer isso. Só não sei bem como vai ser, alguém sabe como ela é? – perguntou Jolteon.
- Espero que seja gata, muito gata, mais gata que a Glenda. Mas não tanto quanto você Jolie. – mais uma piscadela que gerou uma marca de coxinha no seu rosto – Prefiro pastel, falando nisso.
De repente um bocejo pode ser escutado vindo de trás do sofá. Espeon, com o pelo todo bagunçado,  e ainda com olhos de sono, levanta-se dando uma vasculhada no ambiente.
- Ué, já chegou todo mundo?
- Ester? Você ‘tava aí o tempo todo? Como é que o Leon não te viu antes? – perguntou Jolie lançando um olhar meio atravessado para Leafeon.
- Ah, é que, eu... É...
- Eu dormi aqui ontem, e ia embora de manhã, mas... Eu tinha perdido minha blusa, então eu fui procurar e... Uaaaaaaaah – mais um longo bocejo – Acabei caindo no sono atrás do sofá.
- Perdeu sua... – começou Vaporeon mostrando-se empolgado.
- BLUSA? – completou Jolteon claramente irritada.
- Não é o que você está pensando!!! – adiantou-se Leafeon recuando para fugir dos ataques de Jolteon – Ela pegou chuva! Lembra? Choveu ontem? Daí eu emprestei uma roupa e...
BAF! O tapa só não acertou Leafeon porque uma sombra estava entre eles. Umbreon, quase todo de negro, interrompera a briga surgindo sabe-se lá de onde. Com o vestido preto mais deslumbrante que pode achar no armário de roupas pretas, era uma gótica perfeita.
- Então minha irmã está causando problemas de novo...
- Uaaaaaah... Eu?
- Sim, você, Ester. Acalmem-se, lindezas, minha irmã está com sono demais para conseguir colocar a grande cabeça dela pra funcionar.
- Desde quando você tá aqui, Brienne? Dormiu também com Leafeon? – a voz de Jolteon estava dois tons acima do normal indicando o perigo.
- Cheguei agora mesmo. Ninguém me ouviu entrar? Normal.
- Bom, agora só faltam nossa rainha e a novata... Nham, duas pelo preço de uma!
- CALABOCA, VAREN! – gritaram todas em uníssono.
- Pera... Não tá faltando também a...
A porta praticamente explodiu com a forma que Flareon abriu, entrando como em uma passarela. Linda e poderosa, vestida em um casaco de pelos vermelhos brilhantes e com uma sedosa bata cobrindo-lhe o corpo, desfilou até o meio da sala.
- Olá, pessoal, sentiram minha falta?
- NÃO! – responderam Umbreon e Jolteon.
- Na minha cama, AGORA! – foi o que disse Vaporeon.
- MINHA PORTA! AAARGH! – Leafeon só pode reclamar.
- UAAAAAH! – foi a resposta inteligente de Espeon.
- HUNF! Plebeus! Eu chego aqui, linda e divosa e sou assim recebida? Não me admira que esta festa esteja um uó! Vocês não merecem minha presença!
Os seis primos e irmãos começaram a discutir (bom, na verdade cinco, Espeon puxou uma soneca no sofá) avidamente, o que só piorou com a entrada de Glaceon, rival eterna de Flareon e a única ali a se destacar tanto quanto ela. De repente alguém fez:
- Caham! – veio o pigarro entre os Eevolutions.
Nenhum deles respondeu, todos olhavam uns para os outros mas conheciam bem aquela voz. Flareon decidiu dar uma olhadinha para baixo só para ver os grandes olhos divertidos de Eevee.
- Olá, Flaire. Como vai? – perguntou inocentemente a criaturinha tampinha.
- O-olá, minha querida! Vou bem e você?
- Muito bem, só um pouco triste, já que minhas queridas crianças estão brigando.
- Brigando? Nós? Nunca! – corrigiu Glaceon rapidamente – Só estávamos em um caloroso debate!
Leafeon deu um tapa na própria testa.
- Caloroso? Você, Glenda?
- Aaaaah, bem...
- Não importa. Vocês todos estão aqui reunidos para conhecerem o mais novo membro da família e aqui está ela! Pode entrar, Sylvia!
Os Eevolutions todos prenderam a respiração quando a garotinha de chiquinhas, vestido rosado parecendo um doce e grandes olhos azui apareceu entre eles. Delicado, fez uma mesura para cumprimentar os outros.
- Olá, eu sou Sylvia, muito prazer!
- Tão... Doce... Eu preciso... – Vaporeon tentou se aproximar, mas um puxão o fez cair no chão.
- Te acalma aí, papa-anjo, que ela não é pro teu bico. – bronqueou Jolteon, não alto demais para Eevee ouvir.
- Bem vinda à família, Sylvia, eu sou Leon e...
A garota começou a rir, rir e rir. Leafeon ficou desconcertado e procurou os outros para tentar entender o motivo de tanta graça.
- Você tem um topete engraçado. Desculpe. – Sylveon disse entre as risadas.
- Ah... Tá... – Leafeon se recolheu, envergonhado e alisando os cabelos.
- Oi, somos as gêmeas, Brienne e Ester, tudo bem?
- Noooossa, que olhos grandes ela tem. – comentou Sylveon olhando para Ester muito de perto.
Foi a vez de Glaceon impedir que Umbreon desse um soco na garotinha. Por fim, Flareon se aproximou.
- E não é uma coisinha linda, tão fofinha, vai ficar quase tão bonita quanto eu quando crescer.
- Obrigada, TIA, só espero não ganhar tantas rugas quando chegar na sua idade.
Muitos ataques desordenados e um rugido de Eevee depois, os Eevolutions estavam caídos, exaustos e alegres. Apesar das maldades, Sylveon foi bem recebida entre os primos, percebendo que a garotinha tinha o dom para o caos, com a sutileza e o veneno de uma fada. Leafeon passou entre eles deixando cobertores para que não sentissem frio à noite e sentou-se ao lado de Eevee que tomava seu chocolate quente com calma.
- Ótima festa, Leon, que a próxima seja tão boa quanto!
- Vai ser dada pela Sylvia, né? – perguntou Leafeon preocupado.
- Claro, essa é a regra... Apesar de que... Não sei se ela vai estar preparada para o que vai vir?
- O que você quer dizer com isso, Vivi? – um brilho no olhar de Eevee deixou Leafeon assustado.

- Isso, meu querido... É surpresa!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

16º Desafio - Charlie, Lilo e Elvis

O desafio de hoje (que deveria ter saído ontem) é algo bem inusitado. Charlie, usando a Ann como porta-voz, pediu que eu transmitisse seus pensamentos mais íntimos pro meu blog e é isso que fiz! Mas, para não ser injusto, trouxe também os da Lilo (difíceis de captar debaixo de tantos olhares DUMAU!) e das ideias caóticas do Elvis, que deve ser um servo de Nimb. Francamente, ficou uma doidera só. Espero que gostem!

Charlie Gouda

Fome? Fomeeeeee.
Mas por que fome?
Fome de carinho. Talvez.
Fome de atenção.
Ah! Monstro, monstro!
Lambe, lambe, lambe.
Ei, humano! Como vai?
Me dá! É meu!
Aaaaaaah, fome!
Fome? Fomeeeeee.

Miau.

Lilo Garra do Mal

Tédio, mórbido tédio.
Eu sentada a esperar.
Tenho certeza que uma hora passa.
Isso, massageie minhas costas.
E meu ego.
Obedeça humano.
E tire esta criatura infernal daqui!
Hora de divar...
Caminho, vocês me ouvem
Me louvem
Me queiram
Vou passear.
MIAU!

Elvis Pretzel

MORDEEEEER.
Morde, pega, corre.
Quéisso, quiéaquilo?
Oba, pés! E meias!
E pés com meias!!!
E canelas, amo canelas!
Hora de lanchar
Latir latir sem parar
Ei, por que fechou a porta?
Mais latido pra você!
Adoro isso!

E quem quiser ver a fuça dessas fofuras, tem imagens no instagram da Ann!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

15º Desafio - Antônio Henrique

Era para ter saído ontem. Minha mente, no entanto, pediu arrego. Os últimos dias foram tensos para ela e quis respeitar. Assim, o desafio que seria do meu pai foi transferido até eu ter algo bom pra escrever com ele. Mas aí surgiu uma ideia, depois de ver uma imagem e eu precisei escrever sobre isso. Duas pessoas talvez entendam bem a referências, às outras só desejo que tentem, e se não, que apreciem a beleza do encontro de três magníficos animais. Espero que gostem.

Ótima imagem tirada daqui.
O Tigre, o Lobo e a Raposa

O sol subiu no horizonte, clareando o vale e iluminando o lago. Das sombras, um tigre de cores claras, um animal esplêndido, saiu para beber água. Sua pelagem reluzia com o amanhecer, os olhos irrequietos procurando por possíveis presas. Nenhum som o alertou para perigo. Convencido de que ninguém poderia observá-lo, o tigre se ergueu nas patas traseiras e tirou a capa de pêlos, revelando uma bela jovem por baixo.
Corpo nú, apenas uma faca presa a um cinto para proteger-se em sua outra forma. Abaixou-se para pegar água com as mãos quando um som lhe atraiu o olhar. Discreta, uma raposa tentava sair de sua toca sem chamar a atenção, mas acabara tropeçando em um graveto, o suficiente para que o Tigre lhe percebesse. O pequeno animal não dava medo ao felino, então o ignorou. Mas a raposa continuava parada lhe olhando.
De repente, do mesmo modo que o Tigre, a Raposa se pôs de pé e livrou-se de seus pêlos, surgindo de lá outra jovem também bela e de corpo generoso. Ela usava apenas uma alforja e carregava um arco. Mesmo armada, ela ergueu as mãos para fazer sinal de “não vou lhe ferir”.
- Acalma-te, amiga Tigre. Nada posso lhe fazer de mal. Vê? Sou só uma raposa.
- Então por que te aproximas tão sorrateiramente, Raposa? Se sabes que sou um animal caçador e meu instinto diz para lhe atacar, por que me dás esta oportunidade?
- Só queria beber água ao teu lado. Nunca encontrei criatura tão excepcional antes. Tão bela és que meus olhos quase se feriram.
- Não me bajules demais, Raposa, sei de tuas artimanhas. Tramas pelas minhas costas para tirar proveito de mim.
- Oh, nunca faria isso contigo, senhorita Tigre, de forma alguma!
E ainda que a Raposa se defendesse, o tempo todo o Tigre a observava, sempre atenta a qualquer movimento suspeito. Outro somde passos atraiu a atenção das duas. Um homem, vestido de preto e portando uma espada se aproximava. Seus olhos pareciam serenos, mas sua postura de guerreiro ativou o modo de batalha do Tigre. Ele chegou até o lago, ajoelhou-se e pegou um bom golede água com as mãos.
- Não temam, garotas, nada tenho a fazer com vocês. Beberei e irei embora.
- E como posso confiar em alguém que nem conheço, senhor...?
- Meu nome não é de importância, Tigre, nem o seu. Se o sei, é apenas pelo barulho de vossa discussão.
E bebendo mais um pouco, o homem se ergueu e voltou-se para retomar o caminho. Quando passava pela Raposa, ele esticou o arco, fazendo-o tropeçar e caindo. Fora uma armadilha fácil de evitar, mas parecera que ele nem percebera.
- És cego, meu amigo, e também conheço teu cheiro e tua forma. És um Lobo não?
- Se sou, não entendo porquê terias me derrubado. Que mal te fiz?
- Mal nenhum, é fato, e por isso me desculpo profundamente, mas precisava ter certeza de minhas suspeitas. Agora que o fiz, lamento muito pela brincadeira. Como compensação, lhe indicarei o caminho correto para que sigas em paz.
- Agradeço. E também à ti, Tigre. Mesmo que eu, uma boa presa, tenha caído diante de ti, não me atacasses à traição.
- Apesar de tudo, minha alma de caçadora tem como rival minha alma de guerreira, que me impede de ferir um oponente caído. Vá, Lobo Negro. E não volte mais, não lhe darei outra chance.
- Também prezo por ti, Tigre, e espero que consigas encontrar o que procuras. E a você, Raposa, desejo sorte em tua empreitada.

E sem dizer mais nada, seguindo as informações que a Raposa lhe passou, o Lobo se foi. Quando o Tigre se virou para olhar, a Raposa também havia partido. Disposta a esquecer tal encontro, mas sabendo que nunca fugiria de sua memória aquelas auras tão ímpares, o Tigre voltou à sua pelagem e se embrenhou na floresta, seguindo seu destino.

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PS: Tentarei publicar ainda hoje o 16º Desafio para não pular NENHUM dia.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

14º Desafio - Ana Carolina e Gabriel Carneiro

Bem, teoricamente esse desafio é só da Ann, mas ela pediu pra fazer baseado em faroeste por conta do Gabriel, então resolvi fazer uma homenagem pra ele também. É um conto curtinho e simples, mas foi bem divertido de escrever. Amanhã espero voltar à programação normal, exatamente na metade do grande desafio!

Imagem simples do DeviantArt, mas ótima pro texto.

Uísque. Duplo.

Dois buracos de bala, a garrafa de uísque correu pelo balcão, caindo diante do corpo do defunto. Silêncio no salloon. Nenhuma viva alma pensou em se mexer ou contestar o assassinato. Os buracos de bala pararam se soltar fumaça.
- Duplo. – disse o atirador, sentando no balcão diante do barman enfurecido.
Havia trocado a tábua há uma semana só, exatamente pelo mesmo motivo. Era o quinto morto desde o começo do ano e ainda nem haviam chego a Março! Definitivamente um ano ruim para os negócios, a não ser para o coveiro.
- Qual seu problema, Tooth? Será que dava para... Esquece, não está mais aqui quem falou.
O revólver voltou ao coldre, levando consigo mais uma morte não concretizada. Quanto ódio Brian “Black Tooth” Holligan carregava consigo por todo aqueles homens? Ninguém sabia, mas a pilha de corpos aumentava e estava ficando difícil contar. Um dos homens sempre jogando pôquer havia começado a contar com cortes na parede.
Ninguém pensaria em enfrentar o velho Tooth, poucos seriam capazes disso, na verdade. O medo que sua arma trazia poderia ser comparável ao medo do próprio ceifador. O demônio também tinha olhos negros, e sua história era tão obscura que preferiam ignorar.
- Aqui está, Tooth, mas por favor... Vá embora.
E foi, porque depois de beber o Tooth não tinha mais o que fazer por ali. Havia matado mais um e pronto. Era o bastante.
Mas as coisas mudaram um dia, quando um chicano de sombrero e com uma Winchester surgiu na borda da cidade. Ele dizia procurar pelo pai, um homem que havia fornicado com sua mãe e fugira. Agora teria seu couro curtido preso nas costas de seu cavalo. Todos pensaram em Tooth, já que sua fama de grande comedor chegara longe. E o garoto tinha fibra.
O grande Tooth ignorou, preferiu fingir que não era com ele e foi beber como sempre. Dessa vez não tomou sua dose habitual, nem atirou em qualquer um. Ficou ali parado, como se esperasse por algo. De repente três tiros foram ouvidos. Tooth caiu no balcão, o copo fugindo dos dedos e se espatifando no chão do salloon. Sem dizer mais nada e passando pelo povo que absorvia a cena, o chicano sentou, deu uma batida e chamou o barman.
- Duplo. – foi tudo o que disse.

O homem, aquele das marcações na parede, pegou a faca e fez um corte por cima de todos os riscos anteriores e então iniciou uma nova sequência.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

2º Desafio - Ana Carolina

Esse não foi tão complicado assim, ainda que bem divertido. Frozen foi uma ótima ida ao cinema, me rendeu uma resenha muito legal e um bom passeio com a Ana Carolina, que foi quem me pediu essa fanfic baseada no que vi no filme. Bem, acho que o desafio está bem respondido. Só espero que ela goste! Aproveitem aí a crônica de uma adolescente em meio às confusões desse inverno inesperado!

Há spoilers no texto. Não leia se não tiver visto esse lindo filme antes.



Quente demais para mim!

Calor, calor, muito calor neste verão. É o mais quente em anos. Talvez o próprio sol tenha vindo presenciar o aparecimento, depois de quase uma década, da nossa rainha. Escolher o vestido com esse clima é o que foi mais difícil, ainda mais tendo que aguentar a conversa de mamãe sobre “Você ouviu? As princesas farão um banquete com talheres de ouro e taças de cristal”. Francamente, mamãe, precisa de tanta fofoca?
O pior é que nem mesmo a chegada dos príncipes e reis de fora pode acalmar essa fúria do astro-rei. Nem um deles parece bonito, na verdade nem jovem! A não ser... Vislumbrei um navio, um pequeno, aparentemente de um reino distante. Falaram que é um dos herdeiros da coroa, mas um dos últimos da fila. Bem, se aquele pedaço de mau caminho não for virar rei de nada, poderia ao menos virar rei do meu coração, uau!
Ah bem, deixemos disso, preciso terminar este arranjo de cabelo. Mamãe disse que todos iremos levar presentes para a rainha. Como se ela fosse se importar com uma bijuteria com umas pedrinhas da praia. Aiaiai, é por isso que elas devem se isolar, de vergonha desse povo com pensamento tão pobre.
...
Deus, como a rainha é linda! Digo, sua irmã tem cabelos ruivos como as chamas, mas a rainha é fabulosa com sua trança dourada e seu porte de nobreza. É claro que ela não estava ligando para nós mortais, dá pra perceber que ela estava bem segura e confortável em seu castelo. Acho que, se não precisasse abrir os portões só pra hoje ela ficaria para sempre escondida. Aquelas luvas comprovam que ela não gosta de tocar na mesma coisa que os outros. É uma pena a princesa seja tão diferente e tão dada.
Aliás, falando em dada, olha só ela dançando com o príncipe Hans. Tudo bem, ela é bonita, mas... Ele é maravilhoso... Se alguma mulher (que não eu) tinha que estar com ele, deveria ser a rainha Elsa! Esse mundo está perdido mesmo. E esse calor... Estou derretendo aqui, e ainda por cima sentada, nem um único homem para me tirar para dançar. Ao menos não sou importante demais para aquele velho louco vir falar comigo. Vi como ele girou a princesa Anna antes e isso me deu arrepios.
Poderia ao menos esfriar um pouco... Na verdade... Até parece que está mesmo mais gelado. Estranhamente gelado. Ah, ótimo, a princesa e a rainha estão discutindo. Mamãe vai falar disso por meses... Aquilo é uma onda de gelo? Saiam da frente, quero ver! Ah! A rainha faz gelo! Mas o que está acontecendo?
...
Nu-nun-nunca ma-mais fa-falo mal do ca-calor... Brr...! Que frio! Quanto frio! Estamos congelando! Ouvi dizer que a princesa Anna foi atrás da rainha para fazê-la voltar e consertar isso mas... Não sei se é verdade, ou se ela mesma não é uma bruxa como sua irmã. Aquele velho louco as chamou de monstros. Não, monstros devoram as pessoas. Elas são só... Mágicas? Vovô sempre falou de trolls na floresta e eu achava engraçado. Talvez, agora, talvez seja mesmo verdade.
Oh! O lindo príncipe Hans está aqui para falar conosco em nome da sua... noiva... princesa Anna! Aiai... Será que... Ele vai me notar? Ah, ele está vindo para cá!
- Aqui, milady, um cobertor. Agasalhe-se bem e pode se esconder no castelo. Pessoal! Não temam! Anna trará Elsa de volta e todos voltaremos ao normal!
Como é belo o Hans... E tão generoso! Pena que eu nunca vá me aproximar dele.
...
Eu vi! Juro que vi! Era um boneco de neve falante! Ele chegou deslizando na neve e correu para o castelo! Mamãe pode dizer que fiquei louca, que minha cabeça congelou, que eu endoidei da bebida forte que vovô nos deu para aguentar o frio, mas é verdade! Eu ouvi alguém gritar um nome... Olavo, eu acho. E de repente ele surgiu da estrada alta. Primeiro a rainha congela tudo e agora nossas esculturas criam vida?
É isso. Se esse tempo não voltar ao normal, eu desisto! Vou viver nas montanhas como aquele ermitão, o Kristoff. Mamãe sempre disse que ele era um bom partido, mesmo com sua mania de falar com seu bichinho de esmitação (*cof cof* bichinho, claro *cof cof*). E bem... Vender gelo pode não ser bem criativo ou lucrativo. Acho que talvez dê para convence-lo a mudar de ramo, virar guia turístico, algo assim. Vai ter muita gente querendo conhecer as montanhas nevadas agora que esse é nosso principal ponto turístico.
...
Como assim Hans era malvado? Ele... Ele é bonito demais para isso! E a princesa ficou com Kristoff? Sério?!? AQUELE Kristoff? Esse mundo virou de cabeça para baixo. Não dá mais para saber no que acreditar! Ao menos... Estava certa e mamãe vai ficar bem quieta por um tempo. A Rainha Elsa realmene não é má. Ela ainda nos chamou a todos para mais uma festa em seu castelo, para que possamos aproveitar uma surpresa. Estou doida para saber o que é...

Só é uma pena que... Esse maldito calor tenha voltado.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Primeiro cinema de 2014

Há algum tempo que eu precisava voltar a escrever aqui. E mais ainda ir ao cinema assistir algo divertido. Hoje, por conta de uma promessa pra Ann e praticamente inquisição da Ari (vocês VÃO ver Frozen, disse ela), lá estávamos nós assistindo a mais nova animação Disney. Bem, animado fiquei eu em escrever, já que corri pro computador pra colocar minhas impressões sobre o filme. E cá estão! Espero que, como eu, vocês também tenham curtido. Até já!


PS: Como a Ann disse, a Elsa é mó vilã no trailer... Ê propagandinha enganosa...

Frozen – Uma Aventura Congelante


Desde que a Pixar foi comprada pela Disney e John Lasseter passou a ocupar o topo da cadeia criativa, mudanças foram feitas nos dois escritórios. Se por um lado Valente foi o filme mais Disney que a Pixar já produziu, os animados da Disney ganharam mais características da Pixar, e não estou falando só do visual em CGI. Frozen, que trás não uma, mas DUAS novas princesas para a casa, é uma demonstração do potencial que a empresa ainda mantém.

Muito adoráveis... Mas ok, a Elsa é muito diva.
Em primeiro lugar, um recado a quem não viu ainda o filme: Fuja do Tumblr, praticamente TODAS as cenas já foram postadas por lá e ainda peguei a reviravolta-mór do filme antes de vê-lo, o que não tirou a emoção de ir ao cinema. Mais de uma hora e meia passou rapidamente e me empolguei em cada cena, mesmo quando o filme parecia que viraria um musical de tantas sequências cantadas.

E mais, adorei os personagens principais, algo que já tinha acontecido em Enrolados e dificilmente antes disso (qualé, nem sempre dá pra curtir o par da protagonista). Cada um deles tem suas características bem exploradas e tanto Anna quanto Elsa mereciam o cargo de protagonistas. A história, aliás, dá as duas o mesmo peso, uma confirmação disso. Enquanto cabe a Anna trazer a irmã de volta, salvando não só ela como todo o reino, Elsa precisa aprender a controlar os poderes não pelos outros mas por si mesma.

Uma coisa é verdade: A magia da Elsa é estilosa.
E Kristoff é quase tão relevante em cena quanto Flynn Rider era no outro filme citado. Seu temperamento de ermitão (o que não é verdade no fim das contas), sua audacidade diante de grandes perigos e seu humor fazem bem à trama. O problema fica por conta da contradição: “Como assim você está noiva logo no primeiro dia?” pergunta ele. Aham, meu amigo, boa questão essa de amor à primeira vista.

A Ann amou os cristais de gelo... Eu também.
O que mais me surpreendeu no filme, no entanto, é a força das protagonistas quanto à sua feminilidade. Em nenhum momento uma das duas precisou se tornar uma guerreira no sentido másculo da palavra. Fortes, obstinadas, inteligentes e ainda por cima sensuais. Em uma das primeiras músicas, quando Anna pensa que poderá ver o mundo externo mesmo que por um dia, ela joga com a sedução para cima de um pretendente que ainda não conhece. Elsa faz a mesma jogada com sua beleza depois, ao finalmente ter a liberdade em seu castelo de gelo.

As duas vêem na liberdade recente não só a chance de fazerem o que quiserem, que seria o óbvio, mas também de crescerem como pessoas. E aqui a música de Elsa, Let it Go (não achei o nome em português) faz MUITO sentido. A garota, sem as amarras do segredo, passa a tomar decisões não por ter sido ensinada a isso pelos pais, e sim porque acha que é o melhor. Vencer o seu medo se torna então o último obstáculo, o que é poético, já que foi o primeiro.

Desde a Vampira uma mecha branca não era tão relevante.
Como todo desenho Disney Frozen tem seus mascotes, na figura dos trolls, parte importante do filme, de Sven, o “cachorro” de Kristoff, e do engraçado Olaf. Vi a versão dublada e devo dizer que fiquei feliz em ver que Fábio Porchat conseguiu dar ao boneco de neve um tom cômico sem forçar a barra e sua voz combinou bem. Claro, não é no mesmo nível de dubladores profissionais, mas vejo que poderia tranquilamente voltar para trabalhos futuros. A dublagem de todos os outros ficou ótima, o único atravanque foi com Hans, que na parte final do filme pareceu ter perdido a emoção na voz.

E tinha começado tão bem...
Frozen não é o clássico máximo da Disney, nem me fez rir mais ou chorar mais (Rei Leão ainda é o melhor nisso), mas com certeza é um belíssimo filme que quero adicionar à minha dvdoteca (ou será Bluraioteca?). É diversão pura.

PPS: Eita curta do Mickey que é quase um longa, sô!

domingo, 4 de agosto de 2013

Lua Macabra... O Retorno

É, eu sei. Eu estou sumido daqui há algum tempo, mas foi por uma boa causa... Ou algo assim. O que importa é que estou de volta, com um conto novo, revisado e preparado para servi-los com uma deliciosa história que... Melhor não dar spoilers, pega mal. Já aviso, porém, que provavelmente fará parte da safra Lua Macabra, então esperem por algo que terá sim a combinação de terror, romance e... Algo mais. Vocês verão. Aproveitem o conto!

Grandes Erros


O celular gemeu mais duas vezes e então apagou, a bala atravessada na tela de cristal líquido deixando preso para sempre o pedido de ajuda não enviado. A ponta da pistola ainda fumegava, agora apontada para seu peito, e não haviam sorrisos ali, nem olhares amigáveis. Só o terror absoluto da morte certa. Alguns grunhidos desajeitados escapavam da sua boca, os olhos circulando pela sala, em busca de salvação, mas só encontravam os corpos dos amigos caídos pelo chão e o sangue lavando a parede cinza de sujeira.
Como havia parado ali mesmo? O que tinha feito de errado pra que ficasse na pior, para estar tão perto de suas últimas palavras?
Havia levantado bem, escolhido uma lingerie sexy, preta em contraste com sua pele muito branca, e um vestido nem longo nem curto que cobriria só o necessário e mostraria o suficiente. Um pouco de maquiagem e “voilá”, estava pronta para encontrar aqueles que eram sua família escolhida e que a aguardavam na frente de uma boate da zona leste, com um nome genérico e bebidas idem, mas com gente suficiente para ela poder escolher qualquer acompanhante. Estava pronta para fisgar sereias ou tritões, independente da vontade, seria capaz de levar qualquer um na sedução.
Os amigos se dispersaram, lançando-se em todos os focos possíveis, fossem os fãs da banda no local, os ratos de bar ou os visitantes perdidos a fim de um affair. Para ela, no entanto, alvos tão fáceis eram um grande problema, um tédio sem fim que não valia a saída em uma quinta à noite. Com uma olhada rápida, visualizou algumas boas presas, deliciosos homens e mulheres que se renderiam a um belo decote e um sorriso fatal. Escolheu entre eles o que parecia mais difícil e lançou-se ao desafio.
O homem que estava sentado perto de um dos pilares da danceteria poderia passar tranquilamente por um segurança, tamanha carranca e distinção do seu terno. Ele a notou de longe, enquanto ela cruzava a pista dançando, e fez que não havia percebido suas intenções. Quando ela se recostou ao seu lado, ele se afastou um pouco para não ficarem ombro a testa, e ela pode ver os contornos dos músculos por baixo da camisa social azul. Seria uma ótima conquista, das que se vangloriaria para as amigas depois.
- Que foi, está com medo que eu morda?
Ele não respondeu e ela mordeu os lábios, tanto por raiva quanto provocação, exibindo os belos dentes brancos. Olhou para a mão dele e não encontrou nenhum anel, então provavelmente era birra, ou talvez fosse mesmo um segurança perdido.
- Se não está aqui para procurar por mim, talvez esteja aqui por homens, certo? – tirar sarro era uma de suas alternativas mais baixas, mas já rendera bons momentos no estacionamento.
- Você não é o tipo de mulher que eu procuro. – respondeu ele com uma voz cavernosa e ela chegou a sentir as pernas tremerem, mesmo que com uma frase tão rude.
- Como sabe se nem me viu direito? Está desviando o olhar desde que eu cheguei na casa.
- Não preciso ver para ter certeza de que não queremos a mesma coisa.
Era realmente um páreo duro, dos que figurariam como lendas em futuras conversas de bêbada. E exatamente por isso não desistiria, não tão fácil, por mais que seu orgulho, e talvez algum outro instinto mais primordial, estivesse dizendo que não era uma boa ideia.
- Façamos assim, eu lhe pago uma bebida ali, sem compromisso, e você me deixa tentar ao menos uma vez te fazer mudar de opinião.
Isso foi capaz de tirar os olhos dele do globo de luz, DJ, ou o quer que fosse que ele estivesse dedicando mais atenção do que a ela. Por isso, ela se arrepiou quando os olhos negros dele se cravaram nos seus e quase se arrependeu da proposta. Quase.
- Feito. Tem uma mesa vagando ali.
E foi, sem esperar por ela. Em outras circunstâncias ela teria procurado outro cara ou garota e simplesmente abandonado aquele troll, mas havia algo dentro dela que despertava, uma sede intensa por aquele homem que, não importava o quê, a estava não só esnobando, como ignorando completamente seus ataques. Pensou no perfume que escolhera, na pele exposta, na maquiagem delicada que a fazia parecer uma garotinha, e no sorriso treinado à exaustão diante do espelho e nada parecia estar errado, então o problema só podia ser ele.
Acompanhou-o rebolando, para que os outros ficassem alertados que, assim que ela tivesse acabado com aquele homenzarrão, estaria pronta para mais. Ela nunca se contentava com um só e não seria ele a mudar isso nela. Sentou-se no lado oposto da mesa e pediu por dois copos de uísque. A escolha o fez levantar o olho e ela sorriu, deliciada com a surpresa.
- É óbvio que um homem do seu porte bebe algo de igual valor.
Ele sorriu pela primeira vez e ela notou os dentes sujos de fumo, o que reduzia em muito o tesão, pelo menos naquele momento. Fumantes eram um problema que ela preferia evitar, principalmente porque eles lidavam com algo extremamente perigoso, o fogo. Para os outros era fácil, mas ela tinha um pouco mais de medo da chama matriz, a grande inimiga de coisas que eram altamente inflamáveis, como a bebida que acabava de chegar.
Durante os vinte a trinta minutos seguintes ela tentou de todas as formas puxar um papo interessante, que rendesse no mínimo uma agarração na porta do banheiro, o que resultou em saber que o nome dele era Adam Corso, mais conhecido por Corsário, tinha em torno de trinta anos, solteiro convicto e gostava de cachorros grandes, tipo dobberman. Além disso, ele tinha uma fixação meio mórbida por objetos de prata, e ela temeu que ele fosse tirar de dentro do colarinho um crucifixo daqueles que seria capaz de se colocar em cima de um túmulo, mas foi apenas um colar de caveira mexicana.
- É para dar sorte, uma vez estive por lá no Dia dos Mortos e ganhei isso de um dos locais, que garantiu que me protegeria para sempre. Realmente, acabou me salvando a vida outro dia.
- Verdade? – perguntou já quase sem interesse. Que ele fosse um desafio, OK, mas ela estava começando a pensar que ele era apenas um chato.
- Ah sim, mas isso... Eu posso te contar depois. Está a fim de dar uma volta?
A pergunta a pegou de surpresa, desarmada, e ela acabou deixando mostrar que não tinha uma resposta pronta. Nunca antes tinham sugerido sair dali que não fosse para qualquer lugar próximo onde ela daria um sumiço na calcinha ou algo assim e por um instante pensou nos prós e contras. Por um lado ele poderia querer levá-la a um motel, onde poderia desfrutar de privacidade suficiente para se saciar nele, apesar de depois ser meio chato fingir que não esteve lá. Nada que um papo cabeça com os atendentes e uma rápida passada pela sala de segurança não resolvesse. Por outro lado, ele poderia estar planejando levá-la a seu apartamento, tentar estuprá-la e dar um fim ao seu corpo jogando-o no lixão. O que também era uma boa oportunidade, já que perigo sempre gera ótimos momentos de tensão e isso a deixava acesa como uma vela na igreja... Epa. Péssima metáfora.
- Tudo bem, garotão. Só deixa eu avisar meus amigos. – e então vasculhou o lugar, procurando por qualquer um deles, mas estranhamente não os encontrou.
Talvez tivessem escolhido sair todos juntos para comerem, ou talvez fosse apenas a falta de atenção, como não os viu decidiu dar o fora assim mesmo. Qualquer coisa voltaria depois, de repente usando o carro daquele homem misterioso, e poderia buscá-los em alto estilo. Ou isso ela esperava, pensando sinceramente que se visse um Fusca na vaga dele, mudaria de ideia na hora. Por sorte encontrou uma belíssima Mercedes Classe A escura como os olhos dele e partiu dali, para onde quer que ele a estivesse levando.
- Gosta de música? Eu tenho alguns cd’s interessantes no porta-luvas.
Agora ele queria ficar animado, ela pensou, e decidiu que era melhor manter o clima, por isso abriu o porta-luvas e encontrou ao menos cinco cd’s, todos de bandas completamente diferentes.
- Você é bem eclético, né?
- Tento. Sempre que posso, compro algo baseado em quem dou carona. Gosto de conhecer coisas novas. Qual sua banda favorita?
- The Damned, mas duvido que você os conheça, são uma banda undercover da área onde moro.
- Vou tentar escutar depois, então. É um hobby, se quer saber, e é muito divertido.
- O quê? Conhecer as bandas que as garotas que você pega escutam?
- Exatamente.
Por algum motivo aquilo a deixou muito desconfortável, o que não era habitual. Percebeu que quanto mais avançavam, mais perdia o controle, e esse era um terreno desconhecido para ela. Nunca antes tivera tantos problemas em uma caçada ou demorara tanto para pegar um homem. A curiosidade começava a sumir e uma pontinha de medo surgiu em seu coração negro, que por um instante pensou ainda possuir.
- Estamos chegando. – disse ele, de repente, e ela se assustou ao ver que não sabia onde estavam.
Era uma área residencial bem pacata, do tipo que os pais escolhiam para viver com seus filhos quando eles nasciam e não havia mais nada importante no mundo. Ela podia ver as crianças correndo pelas ruas tranquilas, homens e mulheres passeando com seus cachorros e o carteiro pedalando a bicicleta em paz, sem pressa. Tão simples e calma que poderia fazê-la se jogar para a morte de tanto tédio. Um pensamento cruzou sua cabeça: Talvez fosse isso mesmo que estivesse fazendo. Afastou as ideias ruins e saiu do carro com ele na frente de uma garagem fechada. Ele a levou mesmo para casa e ela pensou em como faria para voltar para a danceteria depois, sem saber o caminho. Maldita hora que ficou escolhendo os cd’s.
- Pode entrar, sinta-se em casa. – ele disse quando abriu a porta e ela agradeceu mentalmente que ele fosse gentil ou teria um momento constrangedor.
Era uma sala bonita, de móveis novos e com uma lareira e a casa parecia muito amigável, o que reforçou a sensação de que algo estava terrivelmente errado. Sentia o cheiro de bolo de canela, de uma cerveja tomada no fim da tarde e das flores nos vasos, além de outro que era muito, muito familiar, mas que por algum motivo lhe escapava da memória e era ruim, ruim pra cacete. Ele tirou o paletó e jogou sobre o sofá, em um gesto displicente, mas que nada tinha a ver com uma demonstração de excitação que denunciaria um ataque à sua donzelice.
- O que foi? Algum problema?
- Não, é só que não estou acostumada a fazer isso. – confessou, aproveitando que não era uma mentira para esconder a verdade.
- Acredito, você tem jeito mesmo de quem faz muitas coisas, menos ir à casa de um homem direto de um bar.
Ela riu, nervosa, do que talvez fosse o comentário mais maldoso e perverso dele até agora. Pensou nas rotas de fuga, em como tudo poderia estar certo e ela estar simplesmente necessitada, e por isso não estava pensando direito. Ouviu o som estralado de uma garrafa abrindo e retesou, vendo-o de costas mexendo em um armário.
- O uísque não foi suficiente?
- Nah, eu só estava pegando o brinquedo certo para uma vadia como você. – disse ele e se virou apontando uma arma para o meio de seus olhos.
Ok, então ela tinha ouvido uma arma e confundido com uma garrafa. Normal, muita gente fazia exatamente o contrário. Arreganhou as presas e lançou-se sobre ele, completamente transformada, antes que ele pudesse pensar em sentir coceira no dedo da arma. Ainda assim, ele desferiu o tiro que atravessou seu pulmão morto e causou intensa dor. Por pouco não acertou o coração.
- Ê, ê! Cuidado, as balas são de madeira e prata.
A frase soou tão errada que ela demorou a perceber o porquê, e era algo mais do que apavorante. Era uma frase muito certa, típica de alguém que estivesse não só ciente, mas confiante de como se mata vampiros. Se pudesse, sua espinha teria gelado naquela hora.
- Como...?
- Sem perguntas, ande em direção ao quarto.
E apontou para uma porta semi-aberta, de onde ela percebia que vinha o cheiro de antes, que ela não reconhecera. Assim que chegou perto pensou em como era estúpida, em como havia falhado muitas vezes e estava tremendamente ferrada agora. Atravessou a porta e encontrou um quarto muito grande, praticamente sem móveis, no qual outros três homens apontavam armas para ela. Eram como ele, normais demais para parecerem estranhos, e portavam armas igualmente simples, mas com munição letal à sua espécie. Morreria antes de pensar em sugar o sangue de qualquer um deles.
Demorou pra perceber o que causava o cheiro e quando viu só pode chorar. Havia pelo menos uns dez corpos de vampiros estirados no chão, em decomposição acelerada. Tornariam-se pó antes do amanhecer. Eles eram caçadores e estavam satisfeitos em dizer que haviam feito uma grande caçada e talvez continuassem depois dela. Em soluços fingidos, acompanhando as lágrimas de sangue que corriam de seus olhos, tentou tirar o celular de sua bola em extrema velocidade e ligar para pedir por ajuda. Um dos caçadores percebeu seu movimento e atirou, jogando-o no chão e ferindo sua mão. A tela ainda brilhou com o primeiro botão apertado, o número de emergência.
E lá estava ela, no único quarto podre daquela casa bela, em um bairro pacato e que provavelmente era apenas uma enorme sede de caçadores disfarçada de subúrbio. Ela tinha encontrado seu fim, e não havia nada que trouxesse satisfação naquele momento. Para piorar, não tinha bebido nenhum dos homens que agora a torturariam antes de explodir sua cabeça e a sede ficava muito forte. Tanto que seus sentidos estouravam, aguçados ao máximo. Um zumbido irritante começou a soar em seus ouvidos e ela amaldiçoou o dia em que ganhou esse poder, até que percebeu o que ele indicava. Sorriu.
- O que é, sua vaca? Surtou sabendo que vai virar poeira? Você e sua espécie de merda vão todos virar pó e a gente vai fazer de tudo pra isso acontecer. Ah, porra, por que você está, rin...?
Ele não terminou a pergunta porque um carro, o seu carro, havia atravessado a parede, abrindo ao meio os quatro caçadores. Pelo jeito eles não tinham pego TODOS eles, um escapara e agora saía pela porta de trás do sedan quase completamente demolido.
- Ei, Ann, está bem? – perguntou a mirrada vampira que a idolatrava e que pelo jeito a seguira também.
- Por pouco, querida, por pouco. Se você não tivesse entrado com o carro...
A bola atravessou suas costelas, raspou no coração e foi parar no pedaço de parede que pendia do teto no buraco aberto pelo carro. Ann virou furiosa para o atirador e encontrou seu homem, o Corsário, ás portas da morte, sem o braço e sem um olho. Ele parecia ter sido esmagado pelos destroços e talvez não sobrevivesse para o próximo minuto mas ela não o deixaria escapar tão fácil. Mordeu o pulso e enfiou na boca aberta dele antes que ele pudesse pensar em algo e o fez absorver o suficiente.
- Toma, seu filho da puta. Transforme-se, e espero que sobreviva para devorar seus amigos de fome antes do sol nascer. E amanhã, quando estiver perdido e desamparado, eu vou te caçar e dilacerar e sugar de volta todo o sangue que te dei. Vou ficar esperando, seu desgraçado.
E abraçou a amiga, saindo para o céu noturno.
- E agora, Ann, o que vamos fazer?
- Vamos pra minha casa, eu preciso arranjar um outro vestido e... Droga, eu adorava essa lingerie.
- E depois?
- Depois vamos atrás de um lanchinho, porque eu estou morrendo de fome.