Imagem simples do DeviantArt, mas ótima pro texto. |
Uísque. Duplo.
Dois buracos de bala, a garrafa de uísque correu pelo
balcão, caindo diante do corpo do defunto. Silêncio no salloon. Nenhuma viva
alma pensou em se mexer ou contestar o assassinato. Os buracos de bala pararam
se soltar fumaça.
- Duplo. – disse o atirador, sentando no balcão diante do
barman enfurecido.
Havia trocado a tábua há uma semana só, exatamente pelo
mesmo motivo. Era o quinto morto desde o começo do ano e ainda nem haviam chego
a Março! Definitivamente um ano ruim para os negócios, a não ser para o
coveiro.
- Qual seu problema, Tooth? Será que dava para... Esquece,
não está mais aqui quem falou.
O revólver voltou ao coldre, levando consigo mais uma morte
não concretizada. Quanto ódio Brian “Black Tooth” Holligan carregava consigo
por todo aqueles homens? Ninguém sabia, mas a pilha de corpos aumentava e
estava ficando difícil contar. Um dos homens sempre jogando pôquer havia
começado a contar com cortes na parede.
Ninguém pensaria em enfrentar o velho Tooth, poucos seriam
capazes disso, na verdade. O medo que sua arma trazia poderia ser comparável ao
medo do próprio ceifador. O demônio também tinha olhos negros, e sua história
era tão obscura que preferiam ignorar.
- Aqui está, Tooth, mas por favor... Vá embora.
E foi, porque depois de beber o Tooth não tinha mais o que
fazer por ali. Havia matado mais um e pronto. Era o bastante.
Mas as coisas mudaram um dia, quando um chicano de sombrero
e com uma Winchester surgiu na borda da cidade. Ele dizia procurar pelo pai, um
homem que havia fornicado com sua mãe e fugira. Agora teria seu couro curtido preso
nas costas de seu cavalo. Todos pensaram em Tooth, já que sua fama de grande
comedor chegara longe. E o garoto tinha fibra.
O grande Tooth ignorou, preferiu fingir que não era com ele
e foi beber como sempre. Dessa vez não tomou sua dose habitual, nem atirou em
qualquer um. Ficou ali parado, como se esperasse por algo. De repente três
tiros foram ouvidos. Tooth caiu no balcão, o copo fugindo dos dedos e se
espatifando no chão do salloon. Sem dizer mais nada e passando pelo povo que
absorvia a cena, o chicano sentou, deu uma batida e chamou o barman.
- Duplo. – foi tudo o que disse.
O homem, aquele das marcações na parede, pegou a faca e fez
um corte por cima de todos os riscos anteriores e então iniciou uma nova
sequência.
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