Novamente uma imagem que não é minha, mas representa muito bem! Esta é a Lady Lestat! |
Femme
Fatale
A cena de crime perfeito: O corpo, deitado sobre a cama
bagunçada, completamente inteiro, os olhos abertos e uma taça de vinho na mão.
A janela e a porta trancadas. Nada mais fora do lugar. Na recepção, os
atendentes juraram, só havia entrado o falecido. Infarto fulminante. Mas
nenhuma gota de sangue no corpo.
Completamente absorto, o detetive James Wayne procurava por
indícios de arrombamento ou do uso de ferramentas para drenar o morto. Nada,
nem uma gota de sangue nos lençóis. Pegou mais uma vez o bloquinho de notas e
rabiscou algumas informações. Grunhiu e pediu a um dos oficiais que lhe
trouxesse um café. Preto, com muito açúcar. Dane-se a dieta, pensou, e então
chamou o legista, que veio com uma cara de desespero. Trinta anos de profissão.
Nada igual. Perderia o emprego.
- Diga-me, como é possível?
- Não sei, Jim, eu estou alucinado. Verifiquei o corpo três
vezes já. Nem um furo, nem um corte. Parece que ele simplesmente não tinha
sangue. Está pálido como se estivesse morto há anos. Nem sei se posso chamar
isso de assassinato.
Mas foi, o detetive tinha certeza. Colocou o lápis na boca e
saiu, resmungando que não queria ser seguido. Encontrou o policial do lado de
fora, o café na mão. Chegou à recepção e pediu aquelas fitas para ver em
reservado. Deram-lhe uma das salas de conferência. Enquanto tomava seu café,
via mais uma vez o homem, um desses novos ricos da faixa dos quarenta, entrar
alegre no hotel e passar reto pela recepção. Não tinha devolvido o cartão,
então não precisaria pegar de volta. No elevador, ele parecia gargalhar e falar
com alguém, mas estava sozinho. Logo ao entrar no quarto colocou o aviso de Não
Perturbe. Estava, claramente, bêbado. Fora filmado falando várias vezes
sozinho.
James soltou o copo do café, de repente percebendo um
pequeno detalhe na tela. Em dado momento, uma das folhagens mexeu-se sem
ninguém tocar nela. Correu para fora e tomou o elevador. Chegando ao andar do
assassinato parou para observar as extremidades do corredor. Nenhuma janela.
Completamente isolado. Então... O que mexeu a folhagem? Procurou o bloco de
notas e nele o que tinha dito o assistente do falecido: O patrão tinha poucas
reuniões de negócios no dia, e apenas uma festa à noite. Festa fechada. Entrou
e saiu sozinho. Isso fora às 22h. Ele voltou ao hotel às 24h. Onde esteve
enquanto isso? Pegou a dica com uma das camareiras. Disse que o homem havia
perguntado de bares na região e um dos mensageiros sugeriu o do Ritz, próximo.
Ela reprovara, mas e daí? Era apenas uma empregada e se ouviam ou não, não
importava. Ele pegou a viatura e partiu para o Ritz, com uma foto do morto em
punho.
Perguntou a muita gente, a maioria estava ali pela primeira
vez. Não era um bar muito frequentado por repetentes. Iam apenas aqueles que
estavam no hotel ou não tinham opção melhor. Realmente, a camareira estava
certa. O barman reconheceu, ele havia pedido duas doses de uísque e então mais
duas para ele e uma moça que o encontrara. Conversaram por uns dez minutos e
saíram, rindo. Quando pediu as filmagens da noite, um susto. O defunto estava
lá, rindo abobalhado, mas em momento algum a moça apareceu. Ao fim, ele saía
sozinho, parecendo um rei recém-coroado. Pediu uma descrição ao barman, que não
soube dizer nada com precisão. Tinha traços diferentes e uma pele pálida. Olhos
grandes, os cabelos louros presos de forma estranha. Achava que vestia azul,
mas podia ser roxo ou verde. Nenhuma certeza. Frustrado, o detetive deixou o
bar.
Distraído, caminhou devagar pela rua, até chegar à enorme
porta do hotel. Quase foi atropelado por uma comitiva de seguranças, que
resguardavam algum homem importante. Viu que era um ricaço, desses com alguns
anos de carreira, tanto nas ações quanto nas infrações, e que estava
acompanhado de uma belíssima loura, em um vestido azul-marinho. Os cabelos dela
se erguiam em um coque muito antiquado para alguém tão jovem. Ela sorria
abertamente e falava coisas que faziam o ricaço, pelo menos duas vezes a idade
dela, gargalhar. A coincidência deixou o detetive preso ao chão, acompanhando
com o olhar os dois entrarem em uma limusine, o velhote primeiro. Logo antes de
entrar a loura virou-se para ele, sorrindo de forma assustadora. Ele pode jurar
que tinham dentes pontiagudos naquele sorriso. Eles partiram e o detetive
também.
Naquela noite, dando o caso como perdido, James tomava
conhaque em casa, completamente desesperado. Sabia que ririam dele. Nem ao
menos sabia quem era a loura. Ainda assim, queria ter algo para dizer aos
chefes, não simplesmente fechar o caso daquele jeito. Uma ventania repentina
invadiu sua sala e virou-se para a janela, que jurava ter trancado. Parada,
encostada de forma displicente no espaço que dava para a rua, a loura o
encarava, da mesma forma que antes. Parecia extremamente atraente, vestida
apenas com a lingerie bordô, quase cor de sangue. Wayne engoliu em seco,
consternado. Sentia o perigo subir pela espinha e descer, fazendo das pernas
gelatina. Ela se jogou para a frente, caminhando para ele como uma felina, uma
leoa prestes a fazer seu jantar. A cada passo, uma das peças caía. Primeiro o
sutiã, depois a cinta-liga, as meias e enfim a calcinha pequena, praticamente
sumindo na bagunça da sala. Ela tocou-lhe o peito e abriu a camisa, acarinhando
o peito peludo do homem na casa dos trinta. Ele ficou completamente sem ar.
- Não fique assim, Jim. Eu só vim lhe fazer um agrado, já
que lhe dei tanta dor de cabeça.
E ela fez mesmo. Sem qualquer controle sobre suas ações, a
mulher lhe deitou no chão e cavalgou sobre ele, provocando-o a dominá-la, coisa
que nunca conseguiu. Enfim, exausto e morto de medo, o detetive tomou coragem
para procurar a arma, mas ela o empurrou com o pé, com uma facilidade
sobrenatural, e ele foi lançado para o outro lado da sala. Atordoado, o homem
só fez arfar, e ela riu.
- Ah, mas não vamos estragar nossa brincadeira já, não é,
detetive Wayne? Eu estou à solta. Agora... Cace-me.
E dizendo isso ela correu para a janela e saltou, sumindo no
céu noturno. Pasmo, James pegou-se pensando não no que acontecera, mas em como
encontraria aquela mulher, linda, sedutora, fatal, e suas lindas presas
afiadas. Tocou o pescoço e não se espantou de encontrar uma pequenina ferida
dupla. Dois buraquinhos, de onde ela sugara seu sangue. A caçada apenas
começara.
Gostei bastante, temos o detetive perfeito contra uma mulher morcego (não pude resistir xD).
ResponderExcluirSó falta resolver a questão do Barman que deve ter algum nível de auspícios xD
Seu trocadalho valeu muito seu comentário. XD Quanto ao barman... Bom, eu retornarei a essa série em outro momento, então quem saiba possa apresentá-lo de verdade. ;)
ExcluirAh se apreciamos! Essa é a primeira aparição do Lua Macabra ao público, né? Aguardo muito o momento que esse projeto puder vir a tona de verdade...
ResponderExcluirE esse bar é sacanagem... Será o mesmo daquele conto "Maldição"?
Opa! Já que tocou no assunto... XD Será esse que vou publicar hoje!
Excluir