domingo, 5 de fevereiro de 2017

1º Corujandross e a experiência de sobreviver de energético

Acabei de acordar e comer alguma coisa e agora acho que meu coquetel de remédios já me fez parar de sentir dor e tontura. Fiz uma experiência inédita na noite passada e acabei dormindo só depois das sete da manhã. Ontem, dia 4, eu participei do Corujandross, um projeto idealizado pelo Edson Rossatto, editor-chefe da editora Andross que consistia em reunir o maior número de escritores que pudesse, que já trabalharam com a Andross ou não, e juntos irmos escrevendo em intervalos durante a madrugada. Das 22h às 6h da matina.

Parece punk pra muita gente, mas considerando quantas vezes eu varei a noite jogando RPG ou vendo séries, eu achei que seria de boa. Ledo engano. Estou mais velho, com uma loja que consome muito do meu tempo e energias e também com uma rotina que me quebrou a resistência. As primeiras duas horas foram punks, e quase apaguei por volta das 2h30 da madrugada. E aí... aí meu mundo se abriu numa garrafa de energético.

Não que a bebida tenha sido a única coisa a me manter acordado. O projeto começou com uma hora de dicussão na qual os escritores poderiam trocar ideias, se cadastrarem, conversarem com os organizadores das antologias e prepararem material. Coisas que normalmente não faço, mas haviam regras. Eram simples: Qualquer um poderia participar, deveria respeitar os horários, entrar no grupo de Whats, escrever quanto conseguisse, mandar o texto bruto até as 6h30 do dia 5 pro Edson pra receber um certificado e, acima de tudo, se divertir. Admito, desrespeitei algumas delas... por uma boa causa.

Pra começar que durante a primeira hora eu surtei e minha janta atrasou. Acabei partindo pra escrita com dez minutos do relógio e contando. Por sorte eu já tinha principiado o texto e, pra minha surpresa, feito um esqueleto do que eu queria. Ponto pra preparação do Batman! Do primeiro eu engatei em um segundo quase sem respirar. Parei só quando bateu a hora. Como o Edson pediu, deixei o Word pra lá e voltei pro grupo. Precisava organizar as ideias. Quase acabando a meia hora de intervalo contatei meu primeiro organizador, o Thiago Lee.

Achei que ele estaria todo nervoso ajudando os outros e que teria pouco tempo, mas mais uma vez estava errado. Leu meu texto no tempo dele, e me respondeu por áudio, dando-me dicas para refiná-lo. Eu precisava, o texto tinha aproximadamente 8500 caracteres e o padrão de publicação da Andross é 8k. Ah sim, tinha essa. Quem remetesse o texto depois pra uma das antologias pode ganhar um exemplar de uma das outras publicações no final do ano. Mais um checkpoint, porque eu já queria mandar um texto pra Steamfiction mesmo, então uni o útil ao agradável e, com empenho, talvez eu apareça nessa antologia steampunk. Quem leu Engrenagens... Gato Sombrio está de volta!

Mas bem, findo o texto inicial outro surgiu, e mais um... todos meio quebrados, pra dizer a verdade. O segundo ficou aberto na tela do meu note, vez ou outra voltando pra conferir alguma coisa, meio insatisfeito com ele, deixei pra lá. A onda de escrita seguinte produziu basicamente... nada. Pelo menos foi o que pensei. Voltei pro intervalo soltando fogo pelas ventas e já tinha virado a meia-noite. Muito tempo de sobra, relógio correndo. Chamei o Alfer no PVT e perguntei se ele se importava em ler o que tinha bolado até ali, mesmo que não fosse submeter pra antologia depois. Ele, super dedicado, aceitou. E lá se foi o suspense sobrenatural.

Enquanto o Alfer lia algo veio até a minha mente como uma flecha. Uma sequência de palavras, de sensações. Transformei em uma linha. E depois veio um parágrafo. Quando dei por mim já estava no finalzinho do texto e o Alfer respondendo. Ele terminou, fez as considerações, eu expliquei meus pontos e ele me mandou meter bala. Com muito orgulho mandei o quarto texto, de terror puro, para que ele desse uma olhada. Era de lobisomem, imaginei que fosse gostar. Adorou. Então, durante essa etapa seguinte, intercalando desenvolvi dois textos com ele. Alfer, não tenho como te agradecer o suficiente.

Mas ainda não estava satisfeito. Escrevi uns dois parágrafos do que poderia ser um romance, e quando dei por mim havia descambado para a comédia. Ficou horrível, mas um guilty pleasure que eu vou me orgulhar de ter montado na madrugada. Faltava alguma coisa. Revisado completamente o Steam, o Suspense e o Terror, o Romance me chamava. E aí veio a última hora. Cara... que última hora.

Como no caso do lobisomem eu iniciei o texto com uma experiência, optei por esconder na cara do leitor um segredo no meu romance. Falar mais seria entregar o ouro, mas conduzi a narrativa até o final fazendo o possível para agradar os fãs de uma comédia romântica ou de um romancezinho bobo e fofo. E foi o que consegui. Correndo mandei pro Leandro Schulai pra ele avaliar. Adorou. Pena que não vou poder publicar esse também (atualmente não estou em condições e vou ter que escolher uma antologia só), mas... foi muito gratificante.

Fiquei enrolando, deu a hora final. O Edson anunciou o encerramento e lembrou de remetermos os textos. Mandei um email com o Retorno de Gato Sombrio e fiquei trocando de janelas. Li alguns depoimentos e voltei para anexar os outros cinco textos. Bons ou não, todos foram parar nas mãos de Don Rossatto. Agora é com eles.


Se foi bom? Foi ótimo! Fiquei quase sem sono quando acabei e ainda estou na pilha. Escrevo esse relato com muita facilidade. Eu precisava disso, parando para pensar, de reavivar esse meu lado de escritor. Fazer as coisas no impulso, na diversão, querendo produzir para contar histórias. Bom, 2017 acabou de começar... quem sabe eu não termine meu primeiro romance esse ano?

PS: Milhares de beijos, abraços e obrigados à Ann e a Ari que me incentivaram e me acompanharam nessa madruga. Por causa de vocês dois textos foram produzidos com muito amor!